O Emanuel Ferreira não foi ver os Iron Maiden há 31 anos atrás, mas teve dois acompanhantes muito especiais que tornaram a angústia suportável. Fica aqui um episódio marcante, como a maior parte de nós já teve com os Iron Maiden.
POWERSLAVE
[1984, EMI]
31 de Agosto de 1984, os Iron Maiden pisavam o palco do Infante de Sagres, no Porto. Seria a primeira de catorze visitas a Portugal. Nessa época os concertos eram escassos, as distâncias maiores e para um miúdo recém-chegado ao Metal, tudo era, ainda, num outro mundo. Como ir, onde comprar bilhete e, mais importante, como regressar. Tudo questões, que tornavam impossível, a um adolescente, na província, assistir ao concerto de Iron Maiden.
Nessa noite, a escuta de «Piece Of Mind» acalmou a injustiça da ausência, desconhecendo que do outro lado também as dificuldades eram muitas, como o tal gerador que teve de vir da Polónia, propositadamente. No dia a seguir, sábado, António Sérgio explicava que ouvintes do norte já tinham telefonado a informar o grande concerto que tinha sido e que também se antevia para essa noite no Dramático de Cascais.
A desilusão voltou e nem a audição de «2 Minutes To Midnight» a mitigou. Foi necessário esperar mais oito dias, ir à loja da EMI e comprar «Powerslave». No regresso a casa, o vinil foi religiosamente colocado a tocar, a capa foi desbravada, como as capas de Maiden tinham sempre de ser. A impressão não favorecia a leitura dos créditos, todas as músicas foram escutadas, enquanto as letras eram lidas. Pela primeira vez comprava um disco na semana da sua edição. Nesse dia o concerto passou pelo imaginário e «Powerslave» foi a companhia sonora para esse final de Verão. Não foi o primeiro disco de Maiden, mas ainda hoje persiste na memória como o melhor!
EMANUEL FERREIRA