ULVER

ULVER: As maquetas do «Nattens Madrigal» para ouvir na íntegra [streaming]

O registo dos ensaios que, no Verão de 1995, antecederam a gravação do feroz álbum que encerrou a trilogia black metal dos noruegueses ULVER.

«Nattens Madrigal – Aatte Hymne Til Ulven I Manden» (em inglês «Madrigal Of The Night – Eight Hymns To The Wolf In Man») é o terceiro álbum de estúdio da banda norueguesa ULVER, originalmente editado a 3 de Março de 1997, através da Century Media. Composto e organizado durante o primeiro semestre de 1995, é um álbum conceptual sobre os lobos, a noite, a lua e o lado mais sombrio da humanidade.

O disco encerrou a hoje canónica trilogia black metal da banda norueguesa, depois de «Bergtatt e de «Kveldssanger». No seguimento desses aclamados álbuns, cada um deles visto até aos nossos dias como pilares do black metal e do neofolk, no terceiro disco, os ULVER tinham expectativas bastante elevadas às quais corresponder. Depois de dois álbuns deslumbrantes na sua beleza, a banda surpreendeu com uma estética poderosa, crua e animalesca.

Se os registos anteriores são mais suportados por elementos de rock progressivo e um certo sentimento romântico e bucólico da música folk, o terceiro disco dos ULVER surgia mais sustentado pela ferocidade da segunda vaga do black metal norueguês. Sobre a produção e corpo sónico do disco, em entrevista que se debruçava sobre o 25.º aniversário da edição original, Kristoffer “Garm” Rygg ponderava: 

“Por um lado éramos putos do black metal, viciados em gravações de ensaios e demos manhosas e, claro, nos primeiros lançamentos dos Immortal, Darkthrone, etc. Mas, por outro lado, também adorávamos os aspectos melancólicos, ouso dizer litúrgicos, de certas bandas de doom metal, prog rock, música folclórica e clássica. Acho que estávamos a tentar provar um ponto de vista com os nossos dois primeiros álbuns, que o black metal também podia ser belo, como o luto ou o que quer que fosse.

Mas, lá no fundo, éramos black metallers nos Ulver e no «Nattens Madrigal» estava muito empenhado em solidificar essa postura. Lembro-me que o Burzum tinha uma malha chamada «Feeble Screams From Forests Unknown». É bastante descritiva do som ideal do black metal para mim, alegoricamente falando.

A produção foi uma escolha estética consciente e funciona quase como um filtro – um filtro que potencia o estado de alma. Diria que muitas das coisas de black metal dos anos 90, agora consideradas “kvlt” ou o que quer que seja, muitas vezes devem-no à porcaria dos valores de gravação e produção. Na verdade é isso que se passa com o «Nattens Madrigal». Foi feito para ferir e, certamente, não seria o mesmo com uma produção agradável“.

Como recorda a ROMA INVERSA, em 2014, o álbum foi reeditado (uma das muitas vezes que isso sucedeu) na colecção intitulada «Trolsk Sortmetall 1993-1997». Essa edição surge acompanhada por uma réplica oficial de uma cassete com a gravação de ensaios dos ULVER no Verão de 1995. A gravação, que podes escutar no player em baixo, inclui quatro dos oito hinos do álbum, num registo puramente instrumental. Aí, a estética presente no álbum está ainda mais vincada.