Depois de já vos termos mostrado «Miasma» em primeira mão, hoje temos o trazer de vos presentear com o novo vídeo-clip dos nacionais UIVO BASTARDO. «Ignífero» faz parte do alinhamento do álbum de estreia do projecto que dá continuação ao ideal lírico, sentido e vociferado por Hélder Raposo com a providencial mestria de David Jerónimo na bateria, reconstrução e produção. A terceira peça desta máquina visceral chama-se André Louro e é teclista, juntando-se agora ao trio Paulo Bretão no baixo e João Tiago na guitarra. O vídeo, realizado por Miguel Cipriano, foi rodado na sala de ensaios do projecto e numa fábrica de tijolo abandonada na zona de Sintra. “Escolhemos o Miguel Cipriano por ser um amigo que é profissional da área e que numa fase muito inicial da ideia (em troca de conversas informais) se mostrou interessado e disponível para assumir este desafio artístico“, diz o Hélder Raposo. “Quanto à escolha dos actores, foi instantânea. São, no fundo, dois amigos meus de infância por quem tenho muito respeito e admiração pelo trabalho que desenvolvem. A Carla Chambel é actriz profissional e tem um percurso que fala por si e o Nuno é uma pessoa ligada ao mundo da slam poetry. Optámos pela estética preto e branco porque dá uma atmosfera absoluta; uma camada de realidade diferenciada que ajuda a acentuar o imaginário.“
A nível de conceito, «Ignífero» é descrito pelo músico como um “tema que fala de desejo carnal e de voracidade“, com base no imaginário da combustão e da fusão da matéria e dos corpos. “Metaforicamente temos um casal agrilhoado, o que simboliza que os seus instintos estão domesticados pelas regras da civilização“, elabora Raposo. “Essa opressão faz com que esses instintos se encontrem latejantes. Recitam a prosa da sua condição (a letra sublinha esta ambivalência) e as manifestações mais fisicamente intensas apenas surgem quando sentem que poderão romper com as “amarras” que os prendem. Mas quando delas se desprendem, convergem magneticamente um para o outro de uma forma calma e não intempestiva, como se tratasse de magma que se espalha e expande de forma lenta mas inexorável. Ou seja, uma aproximação não anárquica, mas que não deixa de produzir fusões que carbonizam tudo ao seu contacto.” Gravado e produzido nos estúdios Malware, no Sabugo, perto de Sintra, «Clepsydra» foi editado no dia 10 de Maio via Etherealsoundworks.