A edição do álbum «The Well Of The Lost Children», no final do ano passado, marcou a estreia dos TVMVLO. Foi com o vídeo «The Cruising Years» que o público pôde escutar a banda pela primeira vez, mas os músicos envolvidos não eram perfeitos desconhecidos. Dos três membros, dois deles já integravam os BASALTO; António Baptista, também ex-ANGRIFF, surgia na voz e guitarra, acompanhado por Nuno Mendonça, dos ZURRAPA, no baixo e Fábio Loureiro, dos ROTTEN MINDS, na bateria. Com edição a 4 de Dezembro pela Doomed Records, o disco já vinha a ser preparado desde alguns meses antes. “A ideia que deve ter surgido em Janeiro de 2020”, explica António. “Nesses primeiros ensaios surgiram os primeiros riffs de Tvmvlo”, continua o musico, frisando terem aproveitado “uma altura em que o João Lugatte estava com muitos concertos com os The Black Wizards, inclusive ia fazer uma tour europeia de cerca de um mês com eles e aproveitámos para começar esta banda com mais foco”. Um par de meses depois, começava o confinamento, e os membros da banda ficaram com mais tempo livre. Já com o disco, ou parte dele, escrito, resolveram mudar tudo e recomeçar. “Numa altura não pandémica, teríamos feito as coisas da mesma forma”, explica o guitarrista, mesmo que certo de “se a certa altura” sentissem que era preciso “acertar algumas coisas e partes de músicas, não havia outro caminho”. “Cada vez tento ser mais exigente com isso e eles também”, explicou à LOUD!.
Apesar da partilha de elementos entre os TVMVLO e os BASALTO, “não existem prioridades, nem sequer pomos esse problema” pois “quem ocupar uma data, ocupa uma data, ponto final”, afirma o músico numa altura em que a banda aparece em vários cartazes desde Dezembro, e em que os BASALTO viram adiado o único concerto neste início de 2022. De facto, o disco dos TVMVLO criou alguma sensação, com o seu old school death metal a ser muito bem recebido, mesmo antes de terem subido a um palco para executar os temas. “De uma forma geral estamos satisfeitos com o álbum, demos o nosso melhor”, conta. “Acreditamos que o trabalho e a dedicação transparecem no álbum” e “talvez seja por aí” que surgem as boas reacções no underground nacional. Uma boa recompensa para os músicos, apesar de António afirmar que já aprendeu “no passado que não vale a pena esperar por essas tabelas ou indicações como melhores”. Num desabafo, de quem no passado já percorreu muitos palcos sem obter o devido reconhecimento, o músico diz que “é o que é, felizmente temos tido boas apreciações”. Após o primeiro vídeo, surgiu mais um, «Monotheisthic Deathride». Serviu para assinalar a edição do disco do trio viseense, que contou com a preciosa ajuda de OJ Laranjo, também ligado aos ANGRIFF, que escreveu todas as letras. Toda a gravação e produção do disco ficou entregue ao próprio António Baptista nos Doomed Studios.
Mais tarde e quando já não se esperava, surge um terceiro vídeo-clip, desta vez para o tema «Desolation Fields». “Surgiu na sequência do nosso primeiro concerto ter sido gravado por várias câmaras de forma profissional pelo próprio festival e pela equipa do Caminhos Metálicos”, explica o músico. “Entretanto fomos contactados no sentido de haver essa disponibilidade para se fazer algo e, apesar de não ter sido planeado pela banda, assim que surgiu a ideia percebemos que iria ser uma mais valia para nós em termos de promoção”. A subida ao palco para primeiros espectáculos, mesmo que falando de músicos experimentados, é sempre algo diferente. Neste caso passavam da zona de conforto do doom para o death e “existia aquele nervoso miudinho, por ser o primeiro, mas depois de duas malhas e algumas dificuldades técnicas ultrapassadas, conseguimos abordar o palco conforme queríamos”. Reflectindo, considera mesmo que estiveram “bem enquanto banda, sem grandes erros ou falhas e suficientemente fluidos”. De resto, “só mesmo quem viu de fora consegue ter melhor noção”. Este Sábado é a vez da cidade do Porto receber o trio, num cartaz que reúne os colegas de editora BIOLENCE e RESURGE, que acabam de editar «Breeding In Vain» através de parceria entre a Miasma Records e Vomit Your Shirt. Quanto ao futuro, “trabalhar, trabalhar, trabalhar”. O grupo tem “esqueletos de riffs suficientes para o próximo álbum”, e agora “é trabalhar neles na sala de ensaios, inserir letras e começar a corrigir erros, melhorar transições, trabalhar cada momento até que soe perfeito”.