TRIVIUM

TRIVIUM lançam vídeo ao vivo da sua versão de «Slave New World», dos SEPULTURA [streaming]

A primeira actuação dos TRIVIUM com o seu novo baterista incluiu uma sentida homenagem às lendas brasileiras do thrash.

A energia do metal moderno e o legado do thrash brasileiro cruzaram-se no palco do Aftershock Festival, em Sacramento, na Califórnia, quando os TRIVIUM decidiram revisitar um dos clássicos mais incendiários dos SEPULTURA: «Slave New World», tema retirado do álbum «Chaos A.D.», de 1993. O momento, além de marcar o regresso da banda norte-americana a um dos seus tributos mais respeitosos, serviu também para apresentar oficialmente o novo baterista, Greyson Nekrutman, que substituiu Alex Bent.

O concerto de Sacramento, que decorreu no passado fim de semana, ficou assim duplamente histórico — foi a primeira vez desde 2010 que os TRIVIUM tocaram o tema dos SEPULTURA em concerto, e também a primeira actuação com Nekrutman, cuja presença atrás do kit de bateria acabou mesmo por adicionar uma nova intensidade à interpretação. Um vídeo da actuação, divulgado nos canais oficiais da banda e disponível em baixo, mostra um grupo revigorado, em perfeita sintonia e consciente do peso simbólico de revisitar uma das faixas que mais influenciaram a sua formação musical.

Importa aqui notar que, ao longo dos anos, Matt Heafy, vocalista e guitarrista dos TRIVIUM, tem sido um dos mais fervorosos admiradores dos SEPULTURA, e o tributo em palco surge como uma homenagem à linhagem que ajudou a definir o som do metal moderno. Verdade seja dita, mais de três décadas depois, a «Slave New World» inalterada a força visceral e o espírito de resistência que sempre caracterizaram a banda brasileira — e, nas mãos dos TRIVIUM, soa simultaneamente familiar e renovada, com um vigor técnico e uma ferocidade contemporânea que reforçam o diálogo entre gerações do metal.

A escolha do Aftershock Festival para esta estreia não foi casual. O evento, um dos maiores do género nos Estados Unidos, foi palco de uma celebração da herança metálica global, e a interpretação de «Slave New World» funcionou como um elo simbólico entre dois continentes e duas eras do género. Para Greyson Nekrutman, a ocasião representou também um baptismo de fogo. O jovem baterista, que nos últimos meses assumiu oficialmente a posição de baterista dos SEPULTURA após o anúncio da última digressão do grupo, encontrou-se agora a prestar tributo à própria formação de que passou a fazer parte — num gesto de rara coincidência.

Com a saída de Alex Bent, que desde 2016 assinou algumas das performances mais poderosas e versáteis da discografia recente da banda, os TRIVIUM precisavam de alguém capaz de manter o alto nível técnico e a química rítmica que os fãs já associam aos seus concertos. Greyson Nekrutman, conhecido pelo seu virtuosismo e precisão quase jazzística, mostrou-se à altura do desafio. A sua interpretação da «Slave New World» destaca-se pela clareza dos ataques, pela energia disciplinada e por uma expressividade que combina juventude e respeito pela tradição.

O vídeo, agora divulgado, capta não só a execução irrepreensível como também a atmosfera de enorme celebração entre músicos e público. Heafy, acompanhado pelos inseparáveis Corey Beaulieu e Paolo Gregoletto, na guitarra e no baixo, surge visivelmente entusiasmado com o novo capítulo da banda. “Foi incrível poder tocar esta música com Greyson e sentir o poder que ela ainda tem. É uma canção que nos moldou e que merece ser tocada com a intensidade que sempre a definiu”, comentou o vocalista após o concerto.

Com mais de duas décadas de carreira sempr eem crescendo, os TRIVIUM mantêm-se firmes como uma das forças criativas mais consistentes do metal contemporâneo, e o gesto de homenagear os SEPULTURA não é apenas uma deferência a um ídolo, mas um reconhecimento das raízes que sustentam todo um movimento. Em tempos de mudanças internas e novos começos, «Slave New World» soa como um manifesto de continuidade — um lembrete de que, mesmo quando o mundo muda, certas músicas continuam a unir gerações de músicos e fãs sob o mesmo grito de libertação.