As filas à porta da Sala Tejo faziam antever uma noite quente para uma das digressões mais aguardadas do momento. Às 18:30 em ponto, os britânicos MALEVOLENCE subiram ao palco para mostrar o seu metalcore bem definido. Sempre com muita intensidade, a banda soube aproveitar bem os trinta minutos que esteve em palco mas, apesar de uma boa prestação, ficou no ar a sensação de que ainda lhes falta algo para se transformarem numa certeza do género. Os OBITUARY, por seu lado, dispensam apresentações e não têm absolutamente nada a provar a ninguém, mas à primeira vista seriam definitivamente a banda mais “fora” deste cartaz. Sabendo que estavam perante um público que provavelmente não conhecia a fundo a sua longa carreira, o grupo liderado pelos irmãos Tardy apostou num alinhamento composto por temas dos discos mais recentes, com excepção de «Don’t Care», do «World Demise», de 1994, da sempre demolidora versão da clássica «Circle Of The Tyrants», dos CELTIC FROST, e da «I’m In Pain», do «The End Complete», a fechar. Pese ter tido pouco tempo para estar em palco, a banda da Florida assinou uma actuação sem falhas e deixou vontade de a (re)ver num pacote mais death metal ou mesmo em nome próprio, porque estes quase três quartos de hora souberam a pouco. Por esta altura, os germânicos HEAVEN SHALL BURN são já uma máquina muito bem oleada e isso percebeu-se logo ao som dos primeiros acordes de «My Heart And The Ocean», do mais recente disco de estúdio, «Of Truth and Sacrifice». Quando tinha tocado com os Korn, no Campo Pequeno, a banda de Marcus Bischoff já tinha provado toda a sua qualidade e esta noite ficou patente mais uma vez que estão a atravessar um excelente momento de forma. O foco foi (quase) todo para o mais recente disco de estúdio, de onde foram retirados cinco temas, com destaque para «March Of Retribuition» e «Tirpitz»,que fechou a actuação de 70 minutos. Menção honrosa ainda para a versão de «Black Tears», dos Edge Of Sanity.
Por muito que até aqui se tenha notado um incremento de interacção com o público, a banda que toda a gente queria ver era mesmo TRIVIUM. Com «Run To The Hills», dos Iron Maiden, a sair em alto e bom som das colunas do PA e a levar imediatamente o público ao rubro, foi com «Rain», do disco «Ascendancy», que Matt Heafy e companhia deram início às hostilidades e, desde esse momento, quase em parar, havia público a voar sobre as barreiras de segurança. Seguiram-se «Amongst The Shadows & The Stones» e «Strife», sendo que, por esta altura, o público já estava mais que na mão da banda – e Heafy já tinha vestido a camisola da selecção nacional de futebol. Infelizmente, o entusiasmo na plateia era tanto que, em «Betrayer», os músicos tiveram mesmo de interromper a actuação para um fã receber assistência, com a situação a ser resolvida de forma célere. E sim, depois do brilharete de 2019, no VOA – Heavy Rock Festival, a curiosidade era muita para perceber se o cantor popular Toy iria ou não subir ao palco. Tal não se verificou, porque aparentemente o músico estava em Cuba, mas isso não impediu Matt Heafy de envergar um t-shirt do cantor nacional e de entoar na mesma a sua versão de «Coração Não tem Idade» com a ajuda do público. Sucederam-se «Until The World Goes Cold», «To The Rats» e a excelente «The Heart of Your Hate». Depois, com Alex Dietz, dos HEAVEN SHALL BURN, a ajudar na já clássica «In Waves», «Pull Harder On The Strings Of Your Martyr» ficou guardada para o final e levou mais uma vez o público ao rubro. Mais uma vez, ficou bem claro que os TRIVIUM continuam a ser uma banda incrivelmente competente e, nesta ocasião, com o som bem definido apesar de bastante alto e de um jogo de luzes imaculado, não fizeram prisioneiros.