Como guitarrista dos ALTER BRIDGE e líder da banda homónima TREMONTI, mesmo sem mencionar a sua participação nos multi-platinados CREED, Mark Tremonti é um dos mais dedicados e trabalhadores músicos do actual panorama rock. O seu mais recente registo é «A Dying Machine», dos TREMONTI, um fascinante disco conceptual que se debruça sobre a inteligência artificial e surge acompanhado por um romance de mesmo nome, co-criado pelo próprio. Depois de ter tido a honra de abrir para os Iron Maiden na sua mais recente digressão – que passou pela Altice Arena, em Lisboa, a 13 de Julho –, o músico embarcou numa rota norte-americana de promoção a «A Dying Mchine» e, agora, prepara-se para fazer o mesmo no velho continente. Em antecipação ao espectáculo do próximo dia 4 de Novembro, no LAV – Lisboa Ao Vivo, conversámos com o guitarrista e vocalista.
Olhei para a tua discografia e, só durante a última década, entre edições com os Alter Bridge e os Tremonti, assinaste sete álbuns. Estás sempre a trabalhar?
Quase sempre, sim. Tudo se resume a nunca baixar os braços, seguir sempre em frente e não ser apanhado desprevenido quando chega a altura de estar preparado para ir para o estúdio. Basicamente, isto é o que eu amo fazer – é tão simples quanto isso. Não é algo em relação ao qual pense: “Bem, agora preciso de fazer algum trabalho e escrever umas canções.” Nunca me senti assim em relação a fazer música, percebes? Nunca tive de fazer um esforço, limito-me a tocar e as ideias vão surgindo muito naturalmente. Não me sento a pensar que tenho de escrever, isso – por incrível que possa parecer – não acontece. O que se passa habitualmente é o contrário – é muito difícil tirarem-me a guitarra das mãos ou não estar a trabalhar. É algo que gosto imenso de fazer e continuo a sentir-me muito entusiasmado, quase como quando era um miúdo e comecei a ter as primeiras bandas.
Como surgiu esta ideia de fazeres um álbum conceptual?
É curioso porque, ao longo da minha carreira, nunca tinha sequer tentado fazer algo deste género… Não sei bem explicar porquê, mas acho que era algo a que nunca imaginei que me poderia dedicar. Portanto, nunca foi algo que estivesse no meu radar, por assim dizer. Aos onze anos experimentei pela primeira compor, estava basicamente a tentar perceber como se escrevia uma boa canção e, apesar de adorar os meus álbuns do King Diamond, nunca pensei em fazer nada assim tão ambicioso. Mesmo à medida que me fui tornando um compositor mais capaz nunca ponderei essa hipótese, mas as estrelas alinharam-se e, desta vez, acabou por acontecer.
Podes contar-nos como aconteceu?
Bem, estávamos em digressão e prestes a subir ao palco na Húngria – acho que faltavam uns 15 ou 20 minutos até ao início concerto e fiz o que costumo fazer sempre, que é pegar na guitarra. Comecei a tocar uma progressão de acordes e isso inspirou-me a cantar… De repente surgiu a linha “you’re a dying machine” e, no pouco tempo que faltava para subirmos ao palco, escrevi três quartos dessa canção. Lembro-me perfeitamente de estar a tocar e, entre os temas, pensar que não podia esperar para voltar para os bastidores e continuar a trabalhar naquela canção. Depois começou a desenvolver-se na minha cabeça esta história sobre um homem e um ser artificial que foi criado para o amar, mas que não sabe mais nada para além disso. Com o passar dos anos, ela torna-se obcecada; é mais forte que ele e vai viver mais… Digamos que não é um bom final para ele. [risos]
É mais fácil fazer um álbum a partir do momento em que tens um conceito delineado? Uma história com princípio, meio e fim, que tem de ser contada?
Facilita umas coisas, mas dificulta outras. Eu nunca tinha, por exemplo, escrito letras antes de ter a música de uma canção totalmente pronta e desta vez tive de fazê-lo, mas acabou por ser um desafio bastante engraçado. Aconteceu tudo, como referi, de uma forma muito natural, foi como se as peças para construír este puzzle me tivessem caído no colo sem ter de fazer qualquer esforço. A partir do momento em que delineei o esqueleto da história, percebi que me podia divertir muito com essa trama, por isso decidi puxar um pouco mais pela cabeça e desenvolvê-la. A ideia inicial era fazer apenas três ou quatro canções à volta do conceito, mas depois de as ter feito, percebi que tinha de ir até ao fim.
E a ideia para o livro, como surgiu?
Sempre gostei imenso de ler e escrever, desde que era miúdo, por isso há muito tempo que tinha este desejo secreto de publicar um livro. No entanto, nunca achei que a minha vida fosse suficientemente interessante para escrever uma auto-biografia ou algo desse género. Acho um bocado pedante achar que as pessoas têm algum interesse em ler sobre a minha vida e, com esta história, que considero ser cada vez mais relevante, matei dois coelhos com uma cajadada – fiz um álbum com um livro. Todo o conceito anda em redor de uma relação entre um ser humano e um ser artificial, que acredito ser algo a que nos vamos ter de adaptar num futuro não muito distante. Mesmo hoje em dia, com a Alexa nas casas e a Siri nos telefones… Já se está a formar essa curva de aprendizagem para lidarmos com esse tipo de coisas à medida que as criamos. Acredito que, daqui a trinta anos, o mundo vai ser completamente diferente do que é agora… E não acho que vá demorar assim tanto para que os tópicos deste livro se tornem realidade.
Depois de teres estado em Lisboa com os Iron Maiden, vais agora regressar em nome próprio. O que é que os fãs podem esperar deste concerto?
O mesmo de sempre – vamos rockar e a divertir-nos a fazê-lo. Não vai haver grandes surpresas para quem já nos conhece, mas posso garantir que vai ser uma actuação carregada de energia e bastante mais longa que a de Julho, porque nessa altura éramos a banda de abertura dos Iron Maiden e o alinhamento tinha necessariamente de ser mais curto. Desta vez vamos tocar temas de todos os nossos discos, incluíndo vários do «A Dying Machine», claro. Não vamos tocar o álbum na íntegra… Ponderei essa hipótese, mas acho que seria demasiado auto-indulgente e os fãs não querem ouvir só os temas do último álbum, por isso vamos construir um alinhamento equilibrado com uns temas mais antigos e outros mais recentes. Se o álbum se transformar num “clássico” talvez o façamos no futuro, mas agora ainda é demasiado cedo.
Os bilhetes para o concerto – cuja primeira parte vai ser assegurada pelos britânicos THE RAVEN AGE e pelos franceses DISCONNECTED – custam 28€, à venda nos locais habituais.
[PASSATEMPO ENCERRADO]
A LOUD! não quer que ninguém fique de fora e, em parceria com a PRIME ARTISTS, tem entradas (t também duas surpresas!) para oferecer a quem quiser ir ver os TREMONTI. Ganham uma entrada os mais rápidos a enviar um e-mail para o endereço geral@loudmagazine.net com o assunto “QUERO IR VER OS TREMONTI!”, acompanhado do vosso nome completo e número de BI/CC. Toca a participar!
VENCEDORES:
Maria de Lurdes Matos [+ soundcheck/meet&greet]
Olga Cristina Barros Castro Pereira [+ soundcheck/meet&greet]
Bruno Rafael dos Santos Chaves
João Fernando Santos Quintais
Tiago Reis de Oliveira
André Crespo Rodrigues
Tiago Miguel Cristóvão Queirós