TOXIKULL

TOXIKULL @ Sala Tejo, MEO Arena, Lisboa | 15.06.2024 [reportagem]

No passado Sábado, pese o “balde de água fria” que foi o adiamento da actuação dos KREATOR, os TOXIKULL assinaram um espectáculo que, em retrospectiva, será certamente visto como um dos momentos definidores na carreira de uma das mais promissoras bandas nacionais do momento.

Dizer que a noite do passado Sábado, dia 15 de Junho, na Sala Tejo da MEO Arena — foi atípica será um eufemismo, com o muitíssimo aguardado regresso das lendas do thrash alemão KREATOR a sofrer o pior revés possível à última hora. Já após quase uma hora de espera pelo início do concerto da banda liderada por Mille Petrozza, o concerto acabaria mesmo por ser adiado para uma data a anunciar em breve face a um problema técnico na mesa de som.

Não podemos, no entanto, deixar, que o sucedido minimize o que foi um momento importantíssimo na carreira dos nacionais TOXIKULL. A partir do momento em que lançaram o muito aplaudido «Under The Southern Light» com uma apoteótica actuação no RCA Club, os músicos liderados por Lex Thunder não mais pararam de tocar, cá dentro e lá fora, e não só têm cimentado a sua reputação como, acima de tudo, têm-se posicionado como uma das bandas mais trabalhadoras e esforçadas de que há memória nos últimos anos em Portugal.

Resultado: no início do mês de Março de 2024, o Sr. Thunder jurou-nos a pés juntos que, por cá, também seria possível viver da música e, justiça seja feita, tem feito tudo o que está ao seu alcance (e trabalhado no duro) para vencer e marcar uma posição numa indústria cada vez mais madrasta.

No Sábado passado, ainda batia a última badalada das 21:00 e as luzes da Sala Tejo já se tinham apagado para receber os TOXIKULL. A banda subiu ao palco mergulhado em tons de vermelho bem infernal e não se fez rogada, arrancando a todo o gás com uma interpretação demolidora «Cursed And Punish». Logo a seguir, mostrando uma clarividência muito salutar e terem perfeita noção de que tinham pela frente uma plateia dada a sonoridades mais rápidas e extremas, Lex e companhia atacaram a antémica «Nascida No Cemitério», repescada da compilação de singles «Warriors Collection» e que não tem constado nos seus alinhamentos mais recentes. 

Sem tempo a perder, os músicos atacaram «Around The World» e «Night Shadows», dois dos singles de «Under The Southern Light», com a banda a mostrar-se cada vez mais rodada e entrosada, justificando na plenitude a sua escolha para ocuparem esta posição de “suporte” aos KREATOR. A versão de «Iron Fist», dedicada ao melhor baixista de todos os tempos (o LEMMY, pois claro), caiu que nem ginjas e provocou as primeiras movimentações na plateia, com alguns crowd surfers a passarem a barreira de segurança e a serem devolvidos à plateia sem problemas. 

O que se seguiu foi, sem qualquer dúvida, um momento inédito… Quem segue a banda nas redes sociais já sabia que este seria o espectáculo de despedida do baixista Antim “The Viking” Batchev. No entanto, ninguém estava à espera que a banda concretizasse a passagem de testemunho ali, em palco, e à frente de toda a gente. Revelando uma assinalável camaradagem ao serviço do som eterno, Fernando Ferreira, o novo baixista, subiu ao palco para se juntar aos seus novos companheiros de banda numa muitíssimo poderosa interpretação da «Metal Defender», com o carismático Antim a manter-se nas vozes de apoio para encerrar em grande a estreia dos TOXIKULL numa arena.