Pai de Lars e crucial no desenvolvimento dos METALLICA, TORBEN ULRICH era também um renomado escritor, músico, cineasta e ex-tenista profissional. Tinha 95 anos.
TORBEN ULRICH, o pai de Lars Ulrich, baterista dos METALLICA, e renomado escritor, músico, cineasta e ex-tenista profissional, faleceu aos 95 anos. O multifacetado artista e desportista dinamarquês teve uma carreira incrível em diversos campos, embora os fãs de metal talvez o conheçam melhor pela infame cena do documentário Some Kind Of Monster onde pede para Lars para apagar um tema de «St. Anger». No entanto, isso é só um instantâneo da vida de um homem que era conhecido sobretudo como músico e que teve uma carreira muito séria como tenista entre os anos 40 e 70.
O baterista dos METALLICA anunciou a morte do seu pai numa publicação nas redes sociais durante a madrugada de hoje. “Torben Ulrich: 1928-2023. 95 anos de aventuras, experiências únicas, curiosidade, romper com os limites, desafiar o status quo, ténis, música, arte, escrita… e um pouco do espírito contrário dinamarquês. Agradeço infinitamente! Amo-te, pai“, escreveu o baterista.
No documentário Some Kind Of Monster, de 2004, TORBEN ULRICH, que era para muitos o maior fã e o maior crítico dos METALLICA, foi questionado sobre a qualidade de uma nova canção captada durante o processo de composição do que se tornou o álbum «St. Anger» e respondeu de forma peremptória: “Eu diria para apagares isso“, acrescentando, enquanto Lars Ulrich se ria desconfortavelmente, “acho que não funciona. Parece alguém a gritar numa câmara de eco.“
Numa entrevista de 1995, Lars, que vai completar 59 anos ainda este mês, falou sobre a sua infância. “Eu fui educado da forma mais aberta que se possa imaginar. Muita gente diria que fui mimado, mas era muito independente. Não tinha nada a prender-me. Ao mesmo tempo, tudo o que queria, tinha que conseguir por mim mesmo”, começou por recordar o baterista. “Em 1975, quis ver os Black Sabbath ao vivo e, pelo que dependesse dos meus pais, podia ir ver os Black Sabbath doze vezes por dia. No entanto, tinha que arranjar o meu próprio dinheiro, fosse a entregar jornais ou qualquer outra coisa, para comprar os bilhetes. E tinha que encontrar forma para ir e voltar do concerto.”
“Em termos de cultura, havia sempre coisas a acontecer em casa“, continuou Lars, referindo-se ao impacto que TORBEN ULRICH teve na sua longa carreira como baterista. “O meu pai estava sempre envolvido com música. Convivia com o Sonny Rollins, com o Don Cherry, com o Dexter Gordon, que era o meu padrinho. E, Mesmo que o ténis fosse a principal fonte de rendimento, o meu pai também escrevia sobre jazz nos jornais em Copenhaga. Estava sempre a ouvir Miles Davis e Ornette Coleman em casa. Mais tarde, passou a ouvir THE DOORS e Jimi Hendrix.“
Em 2021, Torben lançou mesmo um álbum de jazz intitulado «Oakland Moments: Cello, Voice, Reuniting (Rejoicing)», que contou com a participação da violoncelista Lori Goldston. Também realizou dois filmes: “The Ball And The Wall”, de 1988, com Gil de Kermadec, e “Body & Being: Before The Wall”, de 2002, com Rick New e Molly Martin, e apareceu em dois filmes de Jørgen Leth, “Motion Picture”, de 1969, e “Moments Of Play”, de 1986. TORBEN ULRICH era considerado uma das vozes mais coloridas e únicas da cultura dinamarquesa dos séculos XX e XXI.