TOPS LOUD! 2022: Os melhores quinze álbuns internacionais do ano

Estávamos habituados a dar-vos a nossa lista dos melhores do ano no primeiro mês do ano seguinte, e decidimos manter essa tradição que vem do papel. Às vezes, não é preciso ter pressa nestas coisas. Ainda por cima num ano tão rico como foi 2022. O “ano da retoma”, em que tivemos finalmente todos os concertos e festivais que a maldita pandemia nos tinha roubado, e em que todos os álbuns que tinham sido postos em pause foram editados, já para não falar de alguns que já foram criados mesmo durante esse período difícil, mas que se demonstrou criativamente muito rico. Comparando com outros anos, pareceu-nos ter sido um período muito diverso, muito eclético, com bandas de todos os estilos, e até algumas para as quais é difícil arranjar um estilo que pareça confortável, a destacarem-se. Assim sendo, para não estarmos a misturar alhos com bugalhos, decidimos desta vez não ordenar a lista. Não que, como sempre vos explicámos, essa ordem tenha sido sempre um marcar de posição particularmente rígido. Isto das listas é coisa para nos divertirmos e para vos ajudarmos a não perder pitada do que achamos essencial, mais do que qualquer outra coisa. Assim sendo, por estrita ordem alfabética de nome de banda, fiquem com aqueles títulos que a redacção da LOUD! considerou os quinze álbuns mais essenciais da música pesada de 2022. Não se esqueçam de esmiuçar, discutir e estraçalhar a nossa lista à vontade nos comentários — e mostrem-nos a vossa!

BLIND GUARDIAN
«The God Machine»
[Nuclear Blast]
«The God Machine» é orelhudo, memorável e altamente divertido,disse o Fernando Ferreira deste grande regresso à forma dos lendários germânicos, que surgiram em 2022 totalmente revitalizados.

BLOOD INCANTATION
«Timewave Zero»
[Century Media]
Redefenir as coordenadas do death metal contemporâneo não lhes bastava, vai daí arrancaram para um álbum de sintetizadores à antiga, evocando os Tangerine Dream, tão brilhante como os anteriores.

BRUTUS
«Unison Life»
[Sargent House]
O terceiro álbum deste trio belga liderado pela voz irresistível de Stefanie Mannaerts, está cheio de malhões que misturam punk, rock, shoegaze e post-hardcore, e fez com que a banda disparasse para as bocas do mundo.

CANDY
«Heaven Is Here»
[Relapse]
Metal, hardcore, noise e industrial juntaram-se como lixo avulso amontoado num esgoto, naquele que foi um dos discos mais feios e confrontacionais do ano, onde a espécie humana é ilustrada como uma colónia de parasitas.

CAVE IN
«Heavy Pendulum»
[Relapse]
Depois da tragédia, o renascimento, numa obra que praticamente resume o apelo dos Cave In por si só. “Géneros tão díspares como o metalcore, o space rock, o metal progressivo ou o (post-)hardcore (…) parecem reunidos e resumidos numa numa massa crítica a que poucas vezes os próprios Cave In chegaram,exultou o José Carlos Santos na altura.

CHAT PILE
«God’s Country»
[The Flenser]
Uma das novas coqueluches da música pesada, os Chat Pile são uma das propostas mais genuinamente originais a surgir nos últimos anos. Aterrorizante, entusiasmante e com a presença vocal estonteante de Raygun Busch a fazer o remate final. Isto é só o princípio…

COMEBACK KID
«Heavy Steps»
[Nuclear Blast]
NInguém diria aquando da sua formação há coisa de vinte anos, mas o hardcore punk dos Comeback Kid cresceu ao ponto de os tornar numa banda gigante e unânime para todos os quadrantes da música pesada – e «Heavy Steps» é a verdadeira demonstração sonora dessa dimensão adquirida.

CULT OF LUNA
«The Long Road North»
[Metal Blade]
Sobreviventes de uma cena post-metal que praticamente desapareceu, os Cult Of Luna continuam a trilhar o seu caminho muito próprio e a encher o coração dos seus muitos fãs com álbuns de âmbito e perspectiva totalmente colossais, como volta a ser este «The Long Road North».

GHOST
«Impera»
[Loma Vista]
Mesmo sendo um dos assuntos mais polarizantes da música pesada contemporânea (as caixas de comentários da LOUD! que o digam), os Ghost continuam imperturbáveis no seu caminho triunfal. “Se conseguem aceitar que o pop-metal pode ser um género válido e que há coisas que podem chegar ao mainstream sem serem envenenadas por tudo o que há de mau, atirem-se ao «Impera»,recomendou o José Carlos Santos na sua análise.

THE HELLACOPTERS
«Eyes Of Oblivion»
[Nuclear Blast]
Um regresso à actividade discográfica há muito desejado, e concretizado “sem espinhas.” Ou como o José Carlos Santos explicou sucintamente, estas malhas “têm energia, têm cojones, são catchy, setentistas mas não saudosistas.

IGNITE
«Ignite»
[Century Media]
Não foi uma mudança de vocalista ou uma mera pandemia que retiraram as ganas aos Ignite, bem pelo contrário. De todas as contrariedades saiu um álbum marcante, “um autêntico vício do primeiro ao último momento,como lhe chamou o Fernando Ferreira. Por aqui, ainda não nos cansámos do vício!

IMMOLATION
«Acts Of God»
[Nuclear Blast]
Dificilmente haverá melhor disco de death metal em 2022,foi a previsão ousada do Ricardo S. Amorim, corria ainda o mês de Fevereiro. A verdade é que a dimensão de mais um álbum clássico destes veteranos imparáveis não permitiu grande discussão nos dez meses que se seguiram.

VOIVOD
«Synchro Anarchy»
[Century Media]
Já não é grande surpresa ter os Voivod nestas listas. Uma das bandas mais consistentemente brilhantes da história do metal voltou a fazer o que lhe é habitual: “um álbum actual, de uma banda de agora, mas ciente da sua história e alicerçado em tudo o que já passou. Genial, numa palavra,como o José Carlos Santos o definiu na altura. Mais um.

WIEGEDOOD
«There’s Always Blood At The End Of The Road»
[Century Media]
“Livres” da trilogia «De doden hebben het goed» com que iniciaram a sua carreira, os belgas deram mais um salto qualitativo com o seu quarto álbum, um exemplo de como o black metal moderno ainda tem muito espaço para exploração sem se afastar demasiado das suas raízes.

ZEAL & ARDOR
«Zeal & Ardor»
[MKVA]
Disse o José Carlos Santos apaixonadamente na sua review, que este auto-intitulado é “de longe, o disco mais sólido do projecto até agora,” mas fez questão de explicar que “não chegaram a este ponto reduzindo o seu espectro de inspiração, ou cingindo-se a uma fórmula só,” o que explica todo o apelo de mais uma das bandas que estão a ajudar a redefinir a música pesada actual.