No início da década de 90, com nomes como TOOL, esboçava-se o heavy metal do século XXI.
Na realidade, os TOOL apenas gravaram cinco álbuns ao longo da sua carreira. Então, porque são assim tão importantes? A resposta passa por aquilo que representam, pois o que criaram entre 1992 e 1997, foi suficiente para os tornar um dos pilares, a par dos Neurosis, por exemplo, de um movimento que na ressaca do grunge viria a mudar a face do heavy metal como o conhecemos.
«Sober», na sua versão live, é um bom exemplo disso. Com os “golden gods” em decadência, face às poses de super-herói que muitos vocalistas assumiam, Maynard James Keenan, aparece aqui, frente a milhares de pessoas, encolhido, quase num segundo plano, acentuando ainda mais a sua baixa estatura, numa total negação do estatuto de frontman a que teria direito.
Entretanto vai remoendo sobre a recuperação, sobre o fantasma que assombra e pedindo para mudar, repetir, sem errar, angustiado pela tentação que o observa por cima do ombro, “Trust in me and fall as well”.
No tema, os solos praticamente não existem, apenas o estertor de uma guitarra aos dois minutos e o ritmo em cadência marcada pelo baixo e bateria, ambos a remeterem-se apenas a marcar passo. Em «Sober» não se salta, não há figuras de primeiro plano.
No entanto, o grito de Maynard ecoa mais forte e pesado que nunca, tornando a letra mais densa. Outras vezes, vocalistas, interpretaram as letras, mas até ao aparecimento dos TOOL, nunca ninguém o tinha feito numa atitude tão miserabilista, num resultado em que todo o lado sombrio e recalcado do quarteto, acaba por se tornar algo mais forte que cada uma das partes.