ELECTRIC CALLBOY

A luta contra a ELA chegou ao fim para TIM CRONIN, uma das figuras mais queridas da cena stoner rock.

TIM CRONIN, um dos membros fundadores dos MONSTER MAGNET, faleceu aos 63 anos. O músico norte-americano enfrentava, desde o início deste ano, uma dura batalha contra a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neurodegenerativa incurável também conhecida como doença de Lou Gehrig. Figura central na génese da banda de Red Bank, Nova Jérsia, Cronin integrou a formação original ao lado de Dave Wyndorf, vocalista e guitarrista, e do baixista John McBain.

Inicialmente baterista, Cronin acabaria por mudar-se para o baixo aquando da entrada do baterista Tom Diello, uns meses antes da edição do EP de estreia homónimo, lançado pela Glitterhouse Records. Nesse registo seminal, lançado em 1990, destacam-se temas como «Snake Dance» e «Nod Scene», que seriam posteriormente regravados para o álbum de estreia «Spine Of God», lançado em 1991, e ainda «Tractor», que regressaria mais tarde, já em «Powertrip», de 1998, o LP que levou por fim os MONSTER MAGNET ao reconhecimento internacional.

Apesar de ter abandonado oficialmente o colectivo pouco depois da assinatura com a Caroline Records, Cronin manteve-se sempre ligado ao universo dos MONSTER MAGNET ao longo das décadas seguintes, desempenhando funções essenciais na sonoplastia, iluminação e produção de palco dos seus concertos. A sua ligação à banda e à comunidade que a rodeia nunca foi meramente profissional: era, como muitos o descrevem, o “centro do universo”.

Foi Maggie Chesek, a enteada do músico, quem partilhou a notícia da sua morte nas redes sociais da banda, num comunicado profundamente emotivo: “Até aos seus últimos momentos, ele manteve-se a pessoa mais bondosa, generosa e hilariante que alguma vez conheci. A quantidade de vidas que tocou e melhorou conta-se por milhares. Era conhecido como o Centro do Universo, e agora todos perdemos o nosso centro.”

A homenagem de Chesek retrata Cronin como um espírito apaixonado pela música e pela arte, alguém que acolheu com amor incondicional aqueles à sua volta, especialmente a sua família. “Para mim, ele foi o meu querido padrasto, que cuidou de mim como se fosse sua filha, e o marido mais dedicado e amoroso que a minha mãe, Carrie, alguma vez poderia sonhar. Quando pensamos em almas gémeas, pensamos no Tim e na Carrie.”

A despedida é feita com um apelo à celebração do seu legado: “Ele quer que continuemos. Que façamos arte, que toquemos música, que sejamos generosos e que estejamos presentes para quem nos rodeia. Que recomendemos lados B raros, livros antigos ou filmes tão maus que até são bons. Que vamos a um diner e façamos os nossos amigos rir até doer.”

Em Fevereiro deste ano, quando a doença se tornou pública, foi criada uma página de GoFundMe para ajudar nas despesas médicas associadas aos cuidados de saúde de Cronin. Neste momento, as doações continuam abertas, agora com o objetivo de apoiar a sua companheira de vida, Carrie, nesta altura tão difícil. A morte de Tim Cronin representa uma perda irreparável para a comunidade musical alternativa e para todos os que cruzaram o seu caminho. Como escreveu a sua enteada, “Tim, deixaste este mundo um lugar indiscutivelmente melhor e mais fixe só por existires. Espero que a tua próxima aventura cósmica seja igualmente épica.”