THE CULT

THE CULT @ Coliseu dos Recreios, Lisboa | 18.07.2024 [reportagem]

Após terem enchido o Coliseu do Porto, os lendários THE CULT esgotaram também o Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Ainda há por aqui quem ache que já ninguém ouve rock?

O rock está morto e soa banal há mais de duas décadas”, grita insistentemente uma franja geriátrica da imprensa, desesperada para se manter relevante. Ainda assim, este é um sentimento que, irritantemente, ainda prevalece em alguns meios, mas os lendários THE CULT, que regressaram esta semana a Portugal para concertos esgotados no Coliseu do Porto e no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, provaram que essa ideia nunca foi menos verdadeira que em 2024.

Estas duas datas no nosso país faziam parte da The 8424 Tour, que comemora quatro décadas de carreira do lendário grupo criado por Billy Duffy e Ian Astbury, com o alinhamento destes concertos a prometer canções de todos os álbuns que gravaram durante a sua brilhante carreira. Formados nos idos 1981 com a designação SOUTHERN DEATH CULT, os músicos lançaram um LP de estreia homónimo postumamente em 1983.

Ainda nesse mesmo ano, foram criados os DEATH CULT, com Astbury a unir forças com Duffy para uma parceria musical que dura há mais de 40 anos. A banda lançou dois EPs no mesmo ano, posteriormente combinados e lançados em CD. No ano seguinte, os DEATH CULT transformaram-se então nos THE CULT que tão bem conhecemos hoje e, nesse mesmo ano, lançaram a estreia «Dreamtime». O resto, como se costuma dizer “é história”, mas ao longo das quatro décadas seguintes a banda editou um total de onze discos de longa-duração.

A contrariar as más línguas, e a provar que continuam a gozar de uma enorme devoção por cá, ainda as portas do Coliseu dos Recreios estavam fechadas e, cá fora, juntava-se uma multidão, que aguardava de forma paciente para entrar. Após uma primeira parte totalmente dispensável, e que deixou muita gente à beira do desespero, os THE CULT subiram finalmente ao palco e, claro, foram recebidos com uma ovação de arrepiar.

Apoiados num setlist com poucas diferenças ao apresentado na noite anterior, no Coliseu do Porto, Ian Astbury, Billy Duffy e companhia deram início ao espectáculo com «In the Clouds» e «Rise», ao que se seguiu «Wild Flower», um dos êxitos mais celebrados da banda britânica e o primeiro ponto alto de um concerto sem momentos mortos.

Entre canções menos conhecidas (a «The Witch» continua a funcionar como um mimo para os devotos) e outras bastante mais populares (a sequência composta por «Edie (Ciao Baby)» e «Sweet Soul Sister») foi bastante celebrada, o Sr. Astbury ainda teve tempo para falar do CR7 e, face à reacção insípida por parte do público, disse aos presentes que deviam mostrar bastante mais apresso por Cristiano Ronaldo, que é responsável por levar a cultura portuguesa a todo o mundo.

A verdade é que os presentes estavam ali não para falar de bola, mas sim para ouvir rock’n’roll, e, nesse campo, os THE CULT golearam, sobretudo na segunda parte do alinhamento, que inclui uma sequência de clássicos que incluiu «Fire Woman», «Rain», «Spiritwalker», «Love Removal Machine», «Lil’ Devil» e, já em regime de encore, «Brother Wolf, Sister Moon» e «She Sells Sanctuary».

ALINHAMENTO:

01. In The Clouds | 02. Rise | 03. Wild Flower | 04. Star | 05. Mirror | 06. The Witch | 07. Phoenix | 08. Resurrection Joe | 09. Edie (Ciao Baby) | 10. Sweet Soul Sister | 11. Lucifer | 12. Fire Woman | 13. Rain | 14. Spiritwalker | 15. Love Removal Machine | 16. Lil’ Devil | 17. Brother Wolf, Sister Moon | 18. She Sells Sanctuary