Boas e más notícias vindas do lado dos THE CULT: Ian Astbury e Billy Duffy despedem-se dos palcos com cinco concertos, mas prometem um novo álbum em breve.
O ciclo de estrada chega ao fim — pelo menos por agora. Os THE CULT anunciaram que vão deixar de fazer digressões durante “um período de tempo indeterminado”, após a conclusão da actual rota norte-americana The Cult/Death Cult 8525 Tour, que termina a 30 de Outubro em Los Angeles. Esta notícia chega acompanhada de um tom de despedida, mas também de uma promessa: a banda já trabalha no sucessor de «Under The Midnight Sun», o álbum lançado em 2022.
Num comunicado conjunto, Ian Astbury e Billy Duffy recorreram à linguagem simbólica e espiritual que sempre marcou a identidade dos THE CULT para explicar a decisão: “A Mãe Natureza tem um ciclo de mudança e evolução que é inevitável. As fases da lua mudam, as marés sobem e descem. A mudança é necessária para a criação e o renascimento.”
Segundo os dois membros fundadores dos THE CULT, a pausa é motivada por um desejo de renovação criativa e pessoal: “Depois das datas restantes da nossa digressão norte-americana, decidimos afastar-nos dos concertos durante um período de tempo indeterminado. Temos viajado intensamente nos últimos anos e agora vamos concentrar-nos em escrever, compor, gravar nova música e explorar outros projectos que serão revelados a seu tempo. Este é o momento de voltarmo-nos para dentro, para recarregar as nossas baterias espirituais.”
Apesar do tom de pausa, a mensagem deixa claro que a ligação com os fãs continuará intacta. “Quando regressarmos ao palco, será com um fogo e uma energia ainda mais fortes, que partilharemos convosco. O nosso é um laço comunitário, e não será quebrado — apenas pausado”, garantem os THE CULT. A banda encerra esta fase com cinco concertos — em Las Vegas (24 de Outubro), Phoenix (25), São Francisco (27), Del Mar (29) e Los Angeles (30) — o último dos quais no histórico Shrine Auditorium, um local carregado de simbolismo e memórias para a cena rock californiana.
Billy Duffy, guitarrista e cofundador dos THE CULT, reforça essa ideia de encerramento de ciclo e de regresso às origens: “Foram três anos lindos a celebrar a nossa música com a família dos THE CULT em todo o mundo. Agora é tempo de ir para casa, passar tempo com as nossas famílias e criar nova música.” Por sua vez, Ian Astbury deixa palavras de gratidão e mistério quanto ao futuro: “A minha mais profunda gratidão a todos os que participaram e mergulharam de cabeça no nosso mundo.
Estou profundamente agradecido por estar ligado à nossa família THE CULT, enquanto nos preparamos para os últimos cinco concertos por algum tempo e aproveitamos a oportunidade para mergulhar nas próximas aventuras criativas. Mais será revelado. Bênçãos a todos.” Importa aqui recordar que esta decisão encerra um período particularmente activo para os THE CULT, que nos últimos anos celebraram quatro décadas de carreira ao revisitar a fase Death Cult, o embrião da banda, e a tocar perante audiências fiéis em vários continentes.
Por seu lado, o álbum «Under The Midnight Sun», produzido por Tom Dalgety, foi recebido como um regresso à atmosfera sombria e transcendental que marcou os clássicos dos anos 80 e 90, entre o post-punk e o hard rock espiritual. Formados em 1983, os THE CULT tornaram-se uma das forças mais distintas do rock pesado britânico ao longo das décadas, com uma trajectória que os levou do gótico tribal inicial, patente em «Dreamtime» e «Love», passando pelo peso de «Electric» e «Sonic Temple», moldando uma estética que continua a influenciar gerações.
Agora, ao suspenderem as actuações ao vivo, Astbury e Duffy parecem querer regressar uma vez mais ao ponto de partida: dois criadores em busca de novas formas de expressão e de equilíbrio. Com a promessa de novo material, esta pausa vem anexada à esperança de que este hiato seja só uma transição — ou um interlúdio necessário antes do próximo renascimento. Até lá, os THE CULT preparam-se para apagar a luz dos palcos com um último cântico, num adeus que soa mais a metamorfose do que a despedida.