Nesta TEMPESTADE TROPICAL, apresentamos dez sugestões que vão do doom metal mais arrastado e “clássico” ao stoner mais psicadélico,
Se é verdade que o Brasil é mais conhecido historicamente no metal por bandas rápidas, que vão desde clássicos como SEPULTURA, KRISIUN, RATOS DE PORÃO e SARCÓFAGO até nomes mais recentes como VIOLATOR e NERVOSA, também é facto que nos últimos anos o país tem visto o surgimento de muitos grupos interessantes que praticam um som mais lento.
Por isso, nesta TEMPESTADE TROPICAL para a LOUD! pensei em fazer um panorama geral sobre bandas novas de doom metal e stoner do Brasil. Sem esquecer a importância de grupos mais antigos de doom e subgéneros do país como Eternal Sorrow, Pentacrostic, Genocídio e Mythological Cold Towers, resolvi montar a lista abaixo com foco em bandas surgidas de 2000 para cá, principalmente nos últimos dez anos.
A relação apresentada inclui tanto nomes que tocam um doom metal mais arrastado e “clássico” quanto outros que fazem um stoner mais psicadélico, incluindo diversas influências no meio disso tudo, que vão desde o punk/HC até o (mais óbvio) sludge, passando pelo desert rock e pelo rock dos anos 70.
Como é uma lista de apenas dez nomes, é facto que diversas bandas igualmente interessantes existentes no Brasil possam ter ficado de fora, como é o caso de nomes como Absent, Pantanum, Kroni, Projeto Trator e Saturndust, apenas para citar alguns. A ideia aqui é fazer um panorama mais geral em termos geográficos e de estilos de som. Espero que gostem!
A b i s m o (Brasília)
Na estrada desde 2014, a banda que conta com Pedro Poney, mais conhecido como baixista/vocalista do Violator), foi uma grata surpresa que conheci há poucos meses. Mas não estamos falando de um stoner/doom mais clássico. Isso porque o A b i s m o, diretamente da capital federal brasileira, é provavelmente a banda mais difícil de definir dessa lista. O som do quarteto traz um pouco de tudo, o que é muito bom para quem tem ouvidos abertos – meus ouvidos (não sei se muito confiáveis) captaram frequências que vão desde o stoner/doom até punk, passando pelo desert rock e até por um pouco de folk/americana.
Abske Fides (São Paulo)
Uma das mais antigas da lista, já possui uma discografia mais extensa, incluindo fulls, EPs e demos. No lançamento mais recente, o full-length «O Sol Fulmina A Terra» (2016), que traz letras em português, o som denso e muito pesado da banda, com fortes influências das bandas de doom da Peaceville dos anos 90 (ouça «Terra Vazia»), dá a impressão de poder sugar o ouvinte pelo fone/caixa de som a qualquer momento.
Cassandra (Curitiba)
O duo curitibano chama a atenção por onde passa, a começar justamente pelo fato de não contarem com uma guitarra, artigo (quase) obrigatório em bandas de metal. Felizmente o instrumento não faz nenhuma falta no som catártico e hipnótico praticado pela dupla Karine (bateria) e Daniel (baixo/vocal).
Fuzzly (Cuiabá)
Mais um duo para a lista. Formado Dark Jordão (vocal/guitarra) e Rafael Arruda (bateria), o Fuzzly vem do Mato Grosso, estado do Centro-Oeste brasileiro, mas poderia muito bem ter saído direto de Palm Desert, na Califórnia, terra do lendário Kyuss. Apesar da comparação, o som da banda traz muitas camadas e variações, como prova o complexo «Vol II» (2014), segundo trabalho do grupo.
Hellbenders (Goiânia)
O quarteto de Goiânia, cidade que também é casa de nomes como Boogarins e Black Drawing Chalks, possui dois discos bastante interessantes em um currículo que teve início há cerca de dez anos. O destaque fica para «Peyote», de 2016, gravado no lendário Rancho de La Luna, na Califórnia, de David Catching, (Eagles of Death Metal e ex-Queens Of The Stone Age), e que traz o grupo muito inspirado em sua mistura particular de stoner e desert rock com punk.
Jupiterian (São Paulo)
Em poucos anos de estrada, o Jupiterian já conseguiu fazer um nome e tanto no Brasil e no exterior. E não foi à toa. Formado por integrantes e ex-integrantes de bandas como Black Coffins, Noala e Kroni, o quarteto paulistano está cada vez melhor, como prova o ótimo (e mais recente) lançamento, «Terraforming» (2017), que foi eleito melhor disco de doom metal do ano passado pelo CVLT Nation.
Monster Coyote (Mossoró)
O trio do Rio Grande do Norte faz um sludge poderoso com influências de hardcore que pode ser apreciado em sua plenitude no ótimo «Neckbreaker», de 2015. Recentemente, a banda anunciou uma pausa nas atividades, mas fico na torcida para que a volta aos palcos (e estúdios) aconteça o quanto antes.
Pesta (Belo Horizonte)
Diretamente da cidade que deu ao mundo alguns dos principais nomes do metal, como Sepultura e Sarcófago, o Pesta faz um som difícil de definir, mas muito fácil de ouvir e gostar. O quinteto mineiro toca basicamente uma mistura de heavy clássico com doom/stoner e ecos de Danzig (os primeiros). Além dos riffs em abundância, destaque para os vocais de Thiago Cruz.
Qerbero (São Paulo)
Após diversas formações e um tempo sem lançar nada, o trio soltou em 2017 uma música mais épica e contemplativa, chamada «Você Não É Um», que soa um tanto diferente dos lançamentos anteriores, talvez um pouco mais contemplativa, com algo do Earth da fase pós «Hex». Está prometido para breve um full com cinco faixas novas. A conferir!
Son Of A Witch (Natal)
Com o ótimo full «Thrones In The Sky», de 2016, o quinteto do Rio Grande do Norte se consolidou como um dos principais nomes do stoner/doom brasileiro. Sons épicos, riffs marcantes e muito wah… está tudo lá. O Son Of A Witch entrega os principais elementos do estilo, mas com um estilo muito próprio, misturando influências que vão de clássicos como Sabbath e Pentagram até nomes mais contemporâneos como Electric Wizard e Sleep.