TAU CROSS: álbum cancelado, polémica instalada

Dias difíceis para os TAU CROSS, banda que conta(va?) com o baterista Michel “Away” Langevin dos VOIVOD e o vocalista Rob Miller dos AMEBIX. Primeiro surgiu, na passada 3.ª feira, o comunicado da banda a informar que tinham cessado a colaboração com a editora RELAPSE RECORDS, explicando de forma lacónica que “circunstâncias ocorreram que terão que pôr um fim à nossa relação.” O álbum «Messengers Of Deception», o terceiro do grupo, estava previsto ser lançado no próximo dia 9 de Agosto, e os Tau Cross afirmavam nesse comunicado estar à procura de outras avenidas para o editar. Ao mesmo tempo, verificou-se que todas as referências à banda, incluindo os discos anteriores e os streams do primeiro single do álbum novo, tinham sido completamente retirados das plataformas digitais da Relapse.

A saga conheceu novo capítulo ontem (dia 3) de manhã, quando o label manager da Relapse, Rennie Jaffe, emitiu novo comunicado, explicando que a editora cortou relações com a banda depois de ter notado, após aviso da revista alemã Ox, a quem Rob Miller deu uma entrevista a falar do assunto, que o vocalista agradecia “de forma proeminente” nas liner notes do disco ao escritor Gerard Menuhin, um conhecido negacionista do holocausto. “A Ox reconheceu o nome do teorista de conspiração de extrema direita, focado especificamente na negação do holocausto,” lê-se no comunicado de Jaffe. “Subitamente as letras e os temas do álbum revelaram-se sob uma nova luz, para mim. Falei com o Rob Miller, o indivíduo da banda que a Ox entrevistou, e apesar de ele ter negado ser um negacionista do holocausto, não posso trabalhar e vender um disco que trata deste tipo de ideologias de forma confortável.

Já hoje, houve comunicados separados tanto de Miller como do resto da banda. Em nota assinada por todos, os guitarristas Andy Lefton e Jon Misery, o baixista Tom Radlo, o teclista James Adams e o baterista Michel “Away” Langevin afirmaram não conhecerem previamente o autor referenciado na lista de agradecimentos do seu vocalista. “Pesquisámos a história deste autor, e somos totalmente contra qualquer tudo o que esteja relacionado com este tipo de coisas feias. Temos feito várias tentativas de obter respostas sobre o porquê e como de isto ter acontecido, considerando os nossos backgrounds e as coisas em que acreditamos,” lê-se no comunicado. “Estamos todos esmagados. Trabalhámos tanto neste álbum, e ter algo desta natureza a destruí-lo é absolutamente devastador. Para as muitas pessoas que nos conhecem, sabem que somos sinceros e honestos com nós próprios e com o mundo. Os Tau Cross eram um veículo para experenciarmos o amor e paixão que todos temos, mantendo-nos verdadeiros às nossas crenças e ideais. Está para além da nossa compreensão ver as coisas tomarem este rumo inesperado.

A toada de despedida da banda é também confirmada pelo comunicado individual de Rob Miller, emitido através do site dbeatbeater.com. “Gostava de reforçar os sentimentos dos outros membros dos Tau Cross, devo-lhes um pedido de desculpas por não lhes ter explicado as minhas linhas de investigação ou as pessoas que influenciaram as minhas opiniões tão dramaticamente nos últimos anos, e percebo a necessidade que têm de se distanciarem desse assunto. Desejo-lhes o melhor para o futuro e valorizarei o tempo que passámos juntos,” começa Miller, confirmando assim o previsível final da banda. De seguida, o vocalista explica que o livro de Menuhin está disponível na Amazon e no Kindle, tal como no Goodreads, onde tem umas consistentes 4.5 estrelas em 5 possíveis, não é exactamente algo obscuro ou indisponível, a menos que se viva na Alemanha, onde é proibido conversar sobre alguns dos assuntos contidos nas suas páginas.” Sem dar sinais de arrependimento, o vocalista mantém a sua posição ao longo do comunicado, adicionando ainda o trabalho de John Lash, pesquisas feitas sobre o 11 de Setembro e a série de vídeos «Europa – The Last Battle» como referências, explicando ainda que “se deixar de fazer perguntas, deixo de ser sincero comigo mesmo, por isso não tenho escolha.

Se é verdade que o assunto ainda fará certamente correr muita tinta, algo que parece certo desde já é que os Tau Cross terminaram – as páginas da banda nas redes sociais já desapareceram -, e que o álbum «Messengers Of Deception» ficará assim “perdido” por entre a polémica.