Em 2020, os SYSTEM OF A DOWN lançaram suas primeiras canções novas em quinze anos, com «Protect The Land» e «Genocidal Humanoidz» a arrecadarem mais de 600.000 dólares para esforços humanitários durante o conflito entre Artsakh e o Azerbaijão. O lançamento surpresa desses dois singles apenas intensificou a questão que pairava sobre os titãs do nu-metal desde 2006, quando entraram em hiato pela primeira vez: quando, se é que alguma vez, vão lançar um novo álbum? Agora, numa entrevista bombástica ao Battleline Podcast, o baterista John Dolmayan falou sobre o drama de bastidores que tem impedido a banda de gravar e lançar música nova — e embora, segundo ele, haja muito mais canções inéditas escritas, a verdade é que ficamos com a sensação de que os fãs não devem suster a respiração até que algo seja disponibilizado novamente. Como Dolmayan explica, os SYSTEM OF A DOWN — cuja formação fica completa com Serj Tankian na voz, Daron Malakian na guitarra e Shavo Odadjian no baixo — estiveram muito perto de se separar em 2006 e, provavelmente, deviam mesmo tê-lo feito.
“O Serj não quer estar realmente numa banda há muito tempo“, disse Dolmayan referindo-se ao vocalista dos SOAD, que também é seu cunhado. “E, francamente, provavelmente devíamos ter-nos separado por volta de 2006. Tentámos reunir-nos várias vezes para fazer um álbum, mas havia certas regras estabelecidas que tornavam difícil fazer isso e, ao mesmo tempo, manter a integridade do que os System Of A Down representavam. Portanto, não podíamos realmente juntar-nos e concordar em relação ao que devia ser feito. Parte disso é culpa do Serj, mas a outra parte disso é minha culpa, e do Shavo e do Daron também. No entanto, ao final do dia, se tivermos a maioria da banda a pensar de uma forma e uma pessoa a pensar de outra, é muito difícil juntarmo-nos e fazermos música a pensar que essa pessoa é importante na equação. E cada membro desta banda é muito importante para o som geral. Toda a gente percebe isso ao ouvir os projectos paralelos que qualquer um de nós tem feito; eles nunca são tão bons quando comparados com os System. Na verdade, acho que muitos deles não são muito bons.“
Ao ser confrontado de que a banda se devia ter separado em 2006, Dolmayan elaborou ainda um pouco mais. “Acho que devíamos ter seguido em frente. Se o Serj não queria estar na banda naquela altura, devíamos apenas ter seguido em frente e feito as coisas com outra pessoa“, explicou o músico. “No entanto, isto é o tipo de coisa que acontece se és leal e queres realmente fazer com que tudo dê certo; acabas por aguentar essas coisas que podem prejudicar a saúde da banda ou a saúde da situação. Talvez tivesse sido melhor se tivéssemos decidido seguir em frente e encontrar um cantor diferente para um álbum ou dois, tínhamos continuado a fazer música e trazíamos o Serj de volta mais tarde, se ele quisesse de facto voltar. Isso provavelmente teria sido melhor. Da forma como as coisas estão, desperdiçámos uns quinze, talvez vinte, anos das nossas vidas à espera.” O baterista acaba mesmo por confessar que a química é óptima quando o quarteto se reúne para tocar ao vivo, mas que, além de Tankian, o resto do grupo gostava de ser bastante mais activo. “Chegámos a um ponto que é desanimador“, desabafou ele. “Temos um concerto agendado no próximo ano. Um concerto. É isso. E não acho que seja sustentável, porque nós queremos trabalhar muito mais que ele.”
Quanto ao futuro, John Dolmayan acaba por não apresentar grandes certezas, o que só vem intensificar ainda mais a frustração já existente entre a base de seguidores dos SYSTEM OF A DOWN. “Nós queremos definitivamente trabalhar mais, mas o Serj também tem um problema nas costas e, mesmo que não fosse por isso, simplesmente não quer fazer digressões tanto como nós”, diz o músico sem papas na língua. Não sei se isto significa que vamos ter de colocar um ponto final na nossa carreira, se vamos seguir em frente com outra pessoa ou até se o Serj vai aparecer de novo. Em última análise, o melhor cenário para mim é o Serj aparecer e podermos fazer, tipo, quinze, vinte concertos por ano. Mesmo isso seria suficiente. Podíamos ir a lugares em que não tocamos há muito tempo para fãs que nunca nos viram jogar. Isso é importante para mim, mas não sei mesmo o que vai acontecer. Até isto, falar sobre os System, me deixa meio chateado, porque sei qual é o nosso potencial. E sei que, se fizermos um álbum, será fantástico porque temos músicas que já estão prontas há cinco ou seis anos; só temos que conseguir ir a estúdio e gravá-las. E não sei se isso vai acontecer ou não. Podes ouvir a entrevista na íntegra no player em cima.