Hoje, passam 25 anos sobre o primeiro SWR – BARROSELAS METALFEST.
1998, uns miúdos da vila minhota de Barroselas resolvem usar os contactos, conseguidos através da fanzine Metalúrgia e celebram o 25 de Abril com um concerto. Era “só” um daqueles festivais locais, para escassas dezenas de pessoas, com alguns nomes de peso no cartaz: AVULSED, AGONIZING TERROR, DEFAULTER, KAMIKAZES e CASABLANCA. Mal sonhariam, miúdos, bandas e público presente, que nasceria ali um dos festivais mais acarinhados e bem-conceituados do metal nacional — e um exemplo que viria a originar outros festivais por todo o país. Um caso de sucesso que, todos os anos, leva fãs a agendar férias e a organizar viagens a partir de toda a península ibérica. Hoje, passam 25 anos sobre o primeiro SWR Barroselas Metalfest.
Dessa longínqua primeira edição do SWR fica a história dos AVULSED, a chegarem de Espanha com uma carrinha avariada. Problema criado à organização, necessário resolver para a banda de Dave Rotten regressar a Madrid. Certamente, na altura, uma dor de cabeça para os tais miúdos, claramente um pequeno pormenor se acontecesse hoje na bem oleada máquina que é o SWR.
A assinalar o aniversário da primeira edição foi disponibilizado o vídeo da actuação dos AGONIZING TERROR, num dos poucos registos que existem da banda ao vivo e que pode agora ser visto no player em baixo. O grupo, que ficou eternizado no underground nacional pelas piores razões, à época era inovador e uma das melhores propostas do que hoje se chama blackened death. O segundo lugar no cartaz de Barroselas justificava-se plenamente, não só pelo estilo mais próximo ao dos AVULSED, mas face a um crescendo do projecto liderado por Tójó e Sara.
Classificado entre os primeiros no, à data célebre, concurso Don’t Stop Le Metal, os músicos de Ílhavo estavam bastante activos, inovando na técnica de intercâmbio de bandas. Um primeiro lugar num concurso no Hard Club, que levaria o grupo de Aveiro a estúdio para gravar um disco, meses depois desta participação em Barroselas. Também por isso, este vídeo reveste-se de significado por ser uma das suas últimas actuações.
Nas palavras da baterista Sara Matos, já com temas gravados, a banda acabaria por separar-se, com o baixista David e o guitarrista Marco a abandonarem. Sara e Tójó, companheiros na vida real, ficavam com as gravações e uma banda que deixava de existir. A tensão aumenta e tudo o que decorreria daí, levou ao incidente, em 1999, que marcaria a comunidade do metal nacional, e que alguns meios de comunicação tentaram ligar a um ritual satânico. Em tribunal ficou claro que o heavy metal nada teria a ver com o crime de Tójó, líder da banda, condenado a 25 anos de prisão.
Dos membros aqui presentes e que saíram após as gravações, David é hoje baixista dos BIOLENCE e dos UNFLESHED, Marco faleceu em 2016 vítima de doença oncológica. O resto foi história nos jornais. Dos AGONIZING TERROR emergiram há um par de anos algumas das músicas gravadas na fase final, a que reuniram temas de uma maqueta. O CD foi editado em 2015, intitulado «Disharmony In Existence», com selo da nacional Firecum Records.
Alguns temas ainda ficaram de fora, entre eles «Kill Him», composto por Sara, mostrando um híbrido de death/doom indiciador do caminho que a baterista pretendia dar ao grupo. Aquele que poderia ter sido um dos nomes mais fortes do death nacional, ficou na história pelas piores razões. Com este vídeo, registado na primeira edição do SWR, talvez se possa hoje perceber melhor a qualidade musical do projecto.