Os SULLEN têm tido um percurso atípico desde a sua génese. Reflexo da postura dos seus membros e da sua própria música, quiçá? Numa pré-história, a primeira encarnação foi Oblique Rain, há quase vinte anos atrás. Após dois álbuns, a cisão levou ao final do grupo. A fénix renasceu como SULLEN, inicialmente com quase todos os membros do grupo anterior. Reajustando-se, como “força de múltiplas personalidades interligadas e guiadas por uma procura de novos rumos musicais”, o grupo foi transmutando-se, mergulhando cada vez mais no prog rock, mas nunca caindo no pastiche comum ao género. «Nodus Tollens – Act 1: Oblivion», segundo trabalho do grupo, foi o ponto de maturidade do colectivo, nascido em plena pandemia. Agora, anuncia-se o natural segundo acto, mesmo que o primeiro não tivesse tido a divulgação desejada. Mesmo assim, “o balanço foi bastante positivo; apesar das condicionantes, conseguimos um volume de vendas generoso com todo o apoio dos seguidores deste projecto, o feedback das pessoas relativamente ao produto artístico foi igualmente bom, e efectivamente só tivemos pena de, por várias razões, não nos ter sido possível materializar quaisquer apresentações públicas até então”, revela Marcelo Aires, o baterista da banda. “Foi um período de grandes transformações internas, algo que também complicou a gestão dos processos. Ainda assim, era crucial para nós concretizar este objectivo para desta forma prosseguir com a composição de novo repertório.”
Pelo próprio título do anterior disco, esta segunda parte estava, naturalmente, anunciada. “A maior parte do segundo acto do «Nodus Tollens» já estava praticamente estruturada aquando do lançamento do disco anterior e é efectivamente uma continuação directa do primeiro, fechando um ciclo numa viagem de autodescoberta, purga, renovação e autossuperação”, prossegue o baterista. “A separação em duas partes surgiu na intenção de ter estas duas fases intercaladas para que a sua afirmação fosse mais palpável, a primeira um exercício de introspecção e a segunda de abstracção, culminando na transcendência do ser.” Pelo meio, fazem o registo, em formato digital, para as Redboxstudios Sessions. Quatro temas que servem também de apresentação a uma nova formação, diferente da que gravou o álbum. As actuações, face ao momento, foram escassas, e mesmo em todo o período do grupo, contam-se pelos dedos da mão. “Sem dúvida”, refere o teclista Ricardo Pinto. “O concerto de Sullen é um espectáculo que concebemos com imenso cuidado, todas as especificidades técnicas e artísticas são estudadas ao pormenor, para garantir uma experiência ao mais alto nível, quer para o público, quer para nós”. De acordo com o músico, que também se ocupa do baixo, “isso só se consegue concretizar nas devidas condições logísticas, técnicas, profissionais e financeiras. Essa conjuntura ideal de circunstâncias é rara, mas vai aparecendo, o que significa que faremos menos concertos, mas concertos melhores”. Aquele que será o terceiro longa-duração do quarteto, intitulado «Nodus Tollens – Act 2: Ascension», tem saída prevista para dia 2 de Dezembro. Entretanto, os mais curiosos já podem escutar um primeiro tema, intitulado «Locust», em exclusivo no player em cima.