Novo álbum para escutar na íntegra! «Tsunami Sea» mostra os SPIRITBOX, agora mais confiantes do que nunca, a expandirem a sua sonoridade e, ocasionalmente, a desafiarem os seus próprios limites.
A verdadeira força de um tsunami só se revela quando as suas ondas chegam à costa. No início, move-se de forma quase imperceptível, oculto nas profundezas do oceano, apenas para, no momento final, erguer uma muralha implacável de água que arrasa tudo. Os SPIRITBOX sabem, no íntimo, que o tão aguardado segundo álbum, «Tsunami Sea», terá esse impacto devastador, mas sentem-se ainda como embarcações no horizonte, distantes da multidão de fãs que aguarda ansiosamente na margem.
A ascensão dos SPIRITBOX tem sido meteórica. Erguidos das cinzas dos extintos iwrestledabearonce, a vocalista Courtney LaPlante e o guitarrista Mike Stringer começaram esta jornada em 2015 com a ideia de criarem algo mais sombrio e coeso do que os projectos anteriores. Com a entrada de Zev Rosenberg para a bateria e Josh Gilbert para o baixo, a formação consolidou-se e transformou-se mesmo num dos fenómenos mais inesperados do metal moderno. A pandemia acabou por se transformar num catalisador improvável para o sucesso do quarteto, com temas como «Holy Roller» e «Blessed Be», do explosivo LP de estreia «Eternal Blue», a encontrarem um público ávido por uma nova voz no género, catapultando-os para o topo.
Desde então, a banda tem seguido de triunfo em triunfo, desde a sua avassaladora estreia no Download Festival, em 2022, até aos palcos principais do Reading & Leeds e, mais recentemente, à consagração no Alexandra Palace, em Londres, com um espectáculo esgotado. No entanto, mesmo que o título «Tsunami Sea» evoque uma força avassaladora, os SPIRITBOX não parecem ver-se como uma onda destruidora.
Em vez disso, o conceito do novo LP assenta em várias camadas que estão interligadas: a realidade literal de um tsunami; o peso metafórico da saúde mental, onde a depressão e os pensamentos sombrios podem engolir tudo à sua volta; e até a experiência de viver na ilha de Vancouver, de onde Courtney e Mike só podem partir de barco. Enquanto «Rotoscope» e «The Fear Of Fear», os EPs de 2022 e de 2023, respectivamente, exploravam uma abordagem mais imediata e experimental, «Tsunami Sea» ergue-se como uma entidade mais densa e imersiva, afirmando-se como a mais autêntica representação daquilo que os SPIRITBOX realmente são.
A verdade é que seria quase impossível para «Tsunami Sea» replicar o impacto visceral de «Eternal Blue». Esse disco foi a chegada de um novo titã do metal, um verdadeiro marco para uma banda que, até 2022, nem sequer tinha pisado um palco na Europa. Nos anos que se seguiram, os SPIRITBOX aventuraram-se em colaborações inesperadas com Megan Thee Stallion e protagonizaram vários momentos virais, como quando Courtney foi confundida com Poppy numa entrevista de passadeira vermelha e decidiu entrar na brincadeira.
No entanto, acima de tudo, este período permitiu uma reflexão sobre as imperfeições de «Eternal Blue», um álbum que, apesar dos seus momentos excepcionais, pode parecer bastante seguro e contido quando comparado com os EPs que se seguiram. Por tudo isso, o que «Tsunami Sea» perde em factor surpresa, compensa com um sentido de maturidade e aperfeiçoamento. Cada detalhe foi cuidadosamente polido para criar uma experiência sonora mais robusta e feroz quando necessário, mas também mais expansiva e ambiciosa, sem cair na tentação do experimentalismo gratuito.
Aqui, os SPIRITBOX refinam a sua identidade sonora, desde os riffs esmagadores de «Black Rainbow» às atmosferas hipnóticas do tema-título, passando pelo veneno vocal de «Soft Spine» e pelos laivos electro de «Crystal Roses». E, quando decidem arriscar, como na incrivelmente imprevisível «No Loss, No Love», fazem-no com precisão e equilíbrio, tornando cada incursão por território desconhecido ainda um pouco mais impactante.
No final, «Tsunami Sea» não pode falhar. Para os que se apaixonaram por «Eternal Blue», este é o passo seguinte: um álbum onde os SPIRITBOX, agora mais confiantes que nunca, expandem a sua sonoridade e, ocasionalmente, desafiam os seus próprios limites. Para aqueles que sentiram que o primeiro álbum não foi ousado o suficiente, preparem-se para uma viagem bastante mais turbulenta.
