Uma recordação do último concerto de CHRIS CORNELL com os incontornáveis SOUNDGARDEN.
Pouco depois da meia-noite de 18 de Maio de 2017, o carismático CHRIS CORNELL foi encontrado morto no seu quarto de hotel após uma actuação com os SOUNDGARDEN no Fox Theatre, em Detroit, nessa mesma noite. Hoje, seis anos desde que o músico nos abandonou aos 52 anos, ao ver as filmagens da actuação em questão, não há nada que indique que estaria morto apenas algumas horas após ter abandonado o palco.
Aliás, até o guitarrista Kim Thayil disse subsequentemente à Billboard: “Achei que o espectáculo tinha sido muito bom. Lembro-me que o Chris tinha acabado de chegar à cidade, portanto estava um bocado cansado e, por isso, a sua voz estava um pouco áspera, mas por volta da quarta ou quinta canção, as peças do puzzle encaixaram todas e foi uma actuação super espantosa — bonita, clara, forte e, na minha opinião, particularmente emotiva“.
Cornell foi descoberto inconsciente quinze minutos depois da meia-noite na casa de banho de um quarto de hotel, no vizinho MGM Grand. Os paramédicos encontraram-no com uma faixa elástica de exercício enrolada à volta do pescoço e o músico foi declarado morto quase uma hora depois, com a polícia de Detroit a declarar suicídio — o que o médico legista de Wayne County acabou por confirmar cerca de duas semanas depois. A sua família, contudo, rejeitou os resultados da autópsia, afirmando que, em vez disso, um medicamento anti-ansiedade chamado que Ativan tinha desempenhado um papel na sua morte.
Olhando para a interpretação de «Black Hole Sun» no player em cima — ou para o espectáculo na íntegra, disponível em baixo –, Cornell estava tão enérgico e ebuliente como sempre, assinando uma prestação seguríssima em que, sem dificuldade, atingiu todos os gritos esperados. É verdade que, a dado momento, esteve ausente do palco por um período mais prolongado do que era habitual.
No entanto, na tal conversa com a Billboard, o guitarrista dos SOUNDGARGEN explicou que a ausência se deveu unicamente a uma mudança de guitarra menos célere do que seria desejável. “Lembro-me que ele teve de sair do palco“, disse o músico. “A guitarra estava desafinada e a de back up não estava pronta, por isso deu-me um toque na cabeça e disse para seguirmos em frente. Nessa altura, o Ben [Shepherd, baixista] começou a improvisar algo e juntámo-nos a ele até o Chris estar novamente pronto“.
Não surpreendentemente, na sequência imediata da tragédia houve um sentimento generalizado de que este concerto final dos SOUNDGARDEN estaria repleto de pistas em relação a tudo o que não estava bem com Cornell, mas simplesmente não é esse o caso.
O espectáculo de duas horas, com um alinhamento composto por um total de dezanove canções, ofereceu uma ampla revisitação do catálogo de seis álbuns dos SOUNDGARDEN, com o grupo a tocar muitos dos temas favoritos do público, entre os quais se contaram «Spoonman», «Burden In My Hand», «My Wave», «Fell On Black Days» ou o mega êxito «Black Hole Sun», entre outros.
No entanto, os quatro músicos não se coibiram de “desenterrar” algumas canções menos conhecidas, como é o caso de «Hunted Down», do primeiro EP para a Sub Pop, o «Screaming Life» de 1987, juntamente com «Kickstand» e «Mailman», do «Superunknown». Curiosamente, só não tocaram mesmo nada do «Ultramega OK», de 1988, que tinha sido reeditado em edição ampliada e remasterizada apenas dois meses antes.
Tantos anos depois, a discussão em relação aos comos e porquês que rodearam a morte do músico norte-americano nunca se desvaneceram. No entanto, o que importa reter é que Cornell já não está entre nós, mas a música que deixou para trás merece continuar a ser celebrada.