“Essa foi uma decisão que tomei há muito tempo, quando ainda estava no Brasil”, recorda o timoneiro dos SOULFLY.
MAX CAVALERA, o músico brasileiro líder dos SOULFLY, CAVALERA CONSPIRACY e GO AHEAD AND DIE, entre outros projectos, é amplamente considerado um dos riffmasters da era moderna da música extrema e, numa conversa com a Brutal Planet Magazine, falou sobre a sua paixão pela guitarra e pela criação de riffs memoráveis. “Os riffs sempre me intrigaram“, começou por recordar Max.
“Os riffs são uma coisa incrível, mágica, há algo neles que é difícil de explicar. A personalidade do músico flui através dos seus riffs — toda a raiva, o desespero, a alegria, vem tudo através deles. E eu adoro criar riffs por causa disso. Foi por isso que acabei por… Bem, não foi exactamente por isso que decidi retirar duas cordas da guitarra; essa foi uma decisão que tomei há muito tempo, quando ainda estava no Brasil.“
O timoneiro dos SOULFLY continua: “Lembro-me que parti umas cordas e não tinha dinheiro para comprar mais, por isso comecei a tocar só com quatro e isso obrigou-me a ser ainda mais criativo. Decidi que tinha de me safar só com aquelas quatro e acabei por me tornar um guitarrista rítmico e, mesmo hoje em dia, a maioria das minhas guitarras só tem quatro cordas“.
O timoneiro dos SOULFLY já tinha falado sobre o assunto na sua autobiografia, “My Bloody Roots”. “Comecei a usar apenas quatro cordas na guitarra logo após ter saído o «Bestial Devastation»“, explicou ele. “Parti uma corda durante um ensaio e tínhamos um roadie, o Sílvio, que depois se tornou cantor de uma banda chamada Mutilator.
Ele disse que tínhamos muito pouco dinheiro, que só dava para comprar um conjunto novo de cordas ou mais bebida. Eu, que raramente usava aquela corda, achei que o melhor seria irmos ‘encher a cara’. Acabei por habituar-me e, às tantas, transformou-se na minha marca registada. A verdade é que nunca aprendi a solar e, até hoje, é algo que não sei fazer. Podia aprender se me esforçasse e quisesse fazer um solo simples e lento, mas sempre quis tocar guitarra rítmica. Queria levar a criação de riffs a um novo patamar“.
Figura marcante da música extrema e um dos mais importantes lusófonos dos últimos trinta anos, Max Cavalera tem vindo a entregar riffs de qualidade superior desde os anos 1980, primeiro como membro fundador das lendas do thrash Sepultura e, mais tarde, como líder e timoneiro dos muito aplaudidos SOULFLY.
Mais de duas décadas e muitas mudanças de formação depois de ter surgido em cena, ainda na ressaca da cisão do músico brasileiro com o resto do projecto que tinha criado nos 80s, a vida pós-«Roots» do Cavalera mais velho tem seguido o seu percurso com uma passada firme – e, em 2023, continua a gerar um zelo que se aproxima do culto.
Os SOULFLY, liderados pelo intrépido veterano, e único membro constante da formação, apoiam o seu ataque sónico em vários subgéneros da música pesada e mistura-os com um balanço demolidor, velocidade thrash e, claro, influências de world music. O resultado é um cocktail explosivo, que conseguiu apanhar o mundo de surpresa com a estreia homónima de 1998 e abriu caminho para uma sequência de álbuns tão elogiados como «Primitive», «Prophecy», «Conquer», «Archangel», «Ritual» ou o mais recente «Totem», que foi editado em 2022 pela Nuclear Blast Records.