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«Favela Dystopia» antecipa regresso de Max Cavalera às raízes espirituais e sonoras do disco de estreia dos SOULFLY.

Depois de dois concertos explosivos nos Balcãs, há finalmente música nova dos SOULFLY para ouvir. O tema, intitulado «Favela Dystopia», foi estreado ao vivo no diaa 8 de Julho, durante uma actuação em Sofia, na Bulgária, e apresentada novamente no dia 10 em Belgrado, na Sérvia. Os vídeos captados por fãs já circulam nas redes e plataformas de streaming, dando-nos um vislumbre do que está por vir no aguardado sucessor de «Totem», editado em 2022.

Ao que tudo indica, a canção deverá integrar o próximo álbum de originais da banda liderada por Max Cavalera, com lançamento previsto para o final de 2025 ou início de 2026. Ainda sem título revelado, o novo registo dos SOULFLY está actualmente em fase final de gravações. Segundo Cavalera, trata-se de um disco que procura recuperar a energia crua e experimental que definiu o primeiro álbum homónimo do seu primeiro projecto pós-SEPULTURA, editado em 1998, mas com uma abordagem moderna e ainda mais pesada.

“As gravações do disco estão a correr muito bem. Estamos a levar o nosso tempo para o fazer como deve de ser”, afirmou recentemente o timoneiro dos SOULFLY numa entrevista ao MetalUnderground.com. “Neste momento estamos a terminar o processo de captação e, depois, vamos começar a misturar e a escolher as faixas que vão para o Spotify e para as redes todas. Estou muito orgulhoso do que temos feito.”

Sobre a direcção musical do novo álbum, o veterano músico brasileiro foi mais específico: “Este disco tem o espírito aventureiro do primeiro. Sonicamente, é bem diferente — mais intrincado e talvez ainda mais pesado, com grooves mais pesados. Mas em termos de atitude e energia, lembra-me o que senti quando fiz aquele primeiro álbum. Foi desafiante, mas muito entusiasmante tentar colocar-me de novo nesse estado de espírito.”

A busca de Max Cavalera por uma espécie de “regresso ao futuro” passa, segundo o próprio, por trazer de volta o ethos tribal e espiritualmente carregado do primeiro disco dos SOULFLY, mas com a agressividade lapidada ao longo das últimas duas décadas — e reflecte-se na vontade de evitar meras repetições. “Não quero simplesmente copiar o primeiro disco. Isso não faria sentido. Estou a usá-lo como inspiração. As novas músicas têm a sua própria personalidade e vibração”, afiançou ele.

O título «Favela Dystopia», por si só, já sugere um mergulho em realidades cruas e politizadas — temas que não são estranhos ao universo lírico de Cavalera. Embora ainda não tenham sido divulgadas as letras ou quaisquer detalhes conceptuais da faixa, a sua estreia ao vivo em plena digressão europeia já serve de amostra antecipada do que se pode esperar do próximo capítulo dos SOULFLY.

Aliás, a estratégia de revelar novos temas em palco, antes do lançamento oficial de estúdio, não é inédita na carreira da banda. Max Cavalera recorda: “Lembro-me de ter tocado a «Primitive» logo na digressão do primeiro álbum. Escrevi-a na mesma altura, mas não cabia no disco. Foi bom apresentá-la ao vivo e dar às pessoas um pequeno vislumbre do que vinha aí. Agora é igual. Hoje em dia, com a internet, as pessoas vão ao YouTube e sentem logo o disco antes dele sair.”

«Totem», o último álbum dos SOULFLY, foi editado pela Nuclear Blast Records e contou com a produção de Cavalera em parceria como Arthur Rizk — conhecido pelo seu trabalho com os KREATOR, MUNICIPAL WASTE e CODE ORANGE, entre outros. Gravado no estúdio Platinum Underground, em Mesa, no Arizona, o LP destacou-se pelas colaborações com nomes como John Powers (dos ETERNAL CHAMPION), Chris Ulsh (dos POWER TRIP) e John Tardy (dos OBITUARY), além da participação instrumental do próprio Rizk na guitarra solo.

Ainda sem nome confirmado, o novo álbum será o 13.º da discografia da banda formada após a saída de Max dos SEPULTURA, e marca mais uma tentativa de equilíbrio entre o peso do metal moderno e as suas raízes espirituais e culturais que sempre marcaram o percurso do músico. Com a perspectiva de edição a apontar para o final de 2025 ou início de 2026, e uma digressão europeia em curso durante os meses de Verão, os fãs já têm razões para antecipar o próximo embate tribal e sonoro dos SOULFLY. E, se «Favela Dystopia», for indicativo da nova direcção, tudo aponta para um disco que, sem nostalgia fácil, honra o passado com os olhos postos no futuro.