ROSY FINCH, 24/7 DIVA HEAVEN e LUNA VIEJA – tudo propostas interessantes e boas, sin senhor, mas um festival com treze horas de música num só dia, e dezena e meia de bandas em cartaz, torna-se cansativo e cria dificuldades a quem quer “ouver” tudo. Mesmo quando os THE MACHINE abrem o palco 1, fica a sensação de não se ter avançado no calendário. Há ali um revisitar do stoner mais convencional com referências aos Kyuss e o trio holandês arrancou numa longa jam, resultando na parte mais interessante do concerto. Quando passaram ao formato mais convencional, o das canções formatadas, ficaram pela mediania. No espírito da improvisação, praticamente instrumental, os riffs eclodem e tudo soa melhor. Neste que foi um regresso aos palcos do SonicBlast, o trio saiu de palco contente, nas suas próprias palavras. Os GREEN LUNG são uma banda estranha, que promete bastante e terá de ser descoberta com mais calma. Parte do catálogo Svart Records, praticam um doom com vertente mais metal, que em certos momentos até se pode aproximar do mais que recente que os Orange Goblin fazem, só que Tom Templar revela um timbre de voz muito característico, que até lembra Josh Kiszka. Sendo britânicos, tornam-se ainda menos expectáveis, pois é o tipo de som que já muito raramente se encontra nessa região. Bem interessantes.
Matthew Baty é todo um exemplo de como um bom frontman pode injectar testosterona num grupo com canções medianas. É ele que faz toda a diferença no rock dos PIGS PIGS PIGS PIGS PIGS PIGS PIGS. Adam Ian Sykes é um bom guitarrista, John-Michael é um baixista louco, que faz as caretas menos expectáveis e parece fazer vibrar cada corda com uma dor escala 10, mas Baty é o homem. Canta, salta, mergulha na multidão e faz a festa sozinho, numa presença inversamente proporcional à sua estatura. E quando um festival têm uma banda como esta a tocar às 18:00, muito pode ser dito sobre ele. De seguida, os EL PERRO redimiram-se do concerto morno na primeira noite de festival. Mais coesos, também mais livres, voaram sem problemas e fecharam a actuação com uma demonstração de percussão, numa jam que, embora não improvisada, soou como tal e mostrou como todos se divertiram em cima do palco. Os FRANKIE AND THE WITCH FINGERS, por seu lado, também se divertiram bastante e fizeram muito gente vibrar. Apenas não trouxeram nada de novo e soaram mais fracos quando abandonaram os temas mais stoner e embarcaram num rock mais popular. Engraçados. Apenas isso. Em oposição, se há coisa que os CONAN não são é engraçados. O trio não parece saber contar piadas ou fazer coisas bonitas, demonstrando o mesmo sorriso e amabilidade de uma equipa de demolição. Distorção no máximo, só o sorriso necessário e iniciram uma terraplanagem sonora capaz de destruir todas as imagens de happy music e riffs bonitos que a tarde pudesse ter trazido. Foram massivos e destruidores, e não fizeram prisioneiros.
Os WITCH traziam J Mascis, o guitarrista dos Dinosaur Jr, na bateria. Na realidade são um projecto dele, praticamente. Só que não. Nesta noite, tal como em toda a tour europeia que estão a levar a cabo, Mascis tem sido substituído por Mario Rubalcaba, o mega baterista dos EARTHLESS. «Seer» e «Hand Of Glory» foram dos melhores temas, num concerto que terminou em alta, mas que nem sempre justificou a presença do grupo no cartaz. Presença, diga-se, desejada há vários anos pelos promotores do evento. Com os galegos MOURA chegou uma fusão de prog, folk e rock muito interessante e colorida. Um som muito próprio, com raízes nos anos 70, na habitual misturada de estilos que algum prog proporcionava, mas devidamente actualizada para os dias de hoje. Uma boa descoberta, de um nome que podia servir a múltiplos festivais de diferentes estilos, face ao ecletismo do seu som. A enchente do festival, que esgota há vários anos – e que, nesta ocasião e mesmo dobrando a capacidade, não foi excepção, – justificava-se, musicalmente, dos cabeças-de-cartaz deste dia, os sempre difíceis e excepcionais ELECTRIC WIZARD. Hoje menos nihilista que no passado, Jus Oborn já sorri e parece mais contente com a vida enquanto comanda a banda por uma actuação monstruosa, que arrancou com «Return Trip», passou por temas como «Drugula», «Incense For The Damned» ou «Black Mass»,e terminou com as incontornáveis «Chosen Few» e «Funeralopolis». Aquele som, a tresandar a Lemmy se um dia não tomasse speed e resolvesse integrar os Black Sabbath, acaba sempre a colocar qualquer um em transe. O quarteto teve a sua maior audiência em Portugal e foi o buraco negro que tudo suga, que era exactamente o que se esperava. Aos britânicos sucederam-se os KALEIDOBOLT, que são mega instrumentistas e conseguem colocar em 30 segundos mais notas e acordes que a banda que os precedeu num tema inteiro, mas a completa antítese sonora acabou por soar maçadora para quem tinha ficado hipnotizado pela reverberação da banda de Oborn. Mesmo assim, levaram nota positiva numa noite que ainda contou, no palco 3, com os THE GONERS e DEATHCHANT a encerraram a noite.