SMASH INTO PIECES

SMASH INTO PIECES transformam Arcádia em realidade no concerto em Lisboa [entrevista]

Entre clubes lotados e novas audiências, os suecos SMASH INTO PIECES regressam ao espírito dos primeiros anos para conquistarem Lisboa.

Este Domingo, 14 de Setembro, o LAV – Lisboa ao Vivo, na capital, recebe pela primeira vez em Portugal os SMASH INTO PIECES, banda sueca que rapidamente passou de pequeno fenómeno nacional a nome incontornável do rock moderno europeu. Reconhecidos pela ousadia conceptual do universo Arcádia e pela capacidade de combinarem riffs intensos com refrões melódicos e uma forte componente visual, os suecos trazem agora a Lisboa um espectáculo de outra natureza: directo, cru e intimista.

Numa altura em que muitas bandas apostam em produções gigantescas e espectáculos multimédia, os SMASH INTO PIECES optam por regressar ao essencial — a música e a ligação com o seu público. Para o vocalista Chris Adam e o guitarrista Per Bergquist, esse parece ser o verdadeiro núcleo da banda, aquilo que nunca mudou desde os primeiros dias. Apesar do crescimento internacional, que os levou a palcos de festivais de grande dimensão e a digressões em arenas, os SMASH INTO PIECES nunca esqueceram de onde vieram.

Para Chris Adam, a essência dos SMASH INTO PIECES está nas salas pequenas: “O meu favorito é tocar para 500 pessoas. Consegues ver toda a gente, interagir, sentir a banda a tocar. É como voltar aos dias em que começámos, quando não havia dinheiro e dormíamos no chão de uma carrinha”. Essas memórias não são apenas nostalgia: funcionam como um guia para a forma como querem continuar a crescer. Em cada concerto mais intimista, procuram recriar a energia bruta dos primeiros anos, quando cada música era uma aposta de sobrevivência e cada fã conquistado significava mais uma oportunidade para seguir em frente.

O guitarrista dos SMASH INTO PIECES, por seu lado, sublinha que o objetivo não é apenas tocar em salas pequenas, mas recriar uma experiência de partilha: “Estamos a entrar em novos mercados, como Portugal, e muitas vezes são ‘venues’ mais pequenas. Queremos algo mais minimalista, mas ainda assim com caixas de luz e lasers. Um espectáculo mais íntimo, onde o foco principal é a banda no palco”. Nesses contextos, a intensidade não vem da escala, mas da proximidade. O público sente cada expressão, cada gesto, e, claro, os músicos respondem de imediato à energia da sala. É essa relação directa que, segundo eles, dá sentido a estarem em palco.

A estreia em Lisboa insere-se numa estratégia de expansão que não é apenas logística, mas emocional, o que leva Chris Adam a refletir sobre o contraste entre mercados já estabelecidos e novos territórios: “Às vezes vais para cidades como Los Angeles e as pessoas já viram todas as bandas do mundo. São muito mais difíceis de surpreender. No entanto quando vais a uma pequena cidade, no meio do nada, o público tende a ficar louco porque não está habituado a receber tantas bandas. Isso é o que mais apreciamos: sentir essa energia inesperada”.

Para os SMASH INTO PIECES, o nosso país representa esse entusiasmo fresco: Lisboa é uma cidade habituada a acolher grandes nomes, mas que raramente recebe bandas que conjugam futurismo conceptual com a energia visceral de um espectáculo cru. Para os suecos, é uma oportunidade de conquistarem um público que, ao mesmo tempo, consegue ser conhecedor e, sobretudo, caloroso.

Embora sejam conhecidos pela forte componente audiovisual — sobretudo através do universo Arcádia, que inclui vídeo-clips quase cinematográficos — os SMASH INTO PIECES decidiram que esta digressão teria um formato mais minimalista. “Queremos que o público sinta que está connosco, frente a frente. Claro que vamos ter luzes e lasers, mas o essencial é a música e a ligação directa. Esse sempre foi o coração da banda”, garante Per Bergquist.

Esta escolha contrasta com o caminho seguido por muitas bandas contemporâneas, que apostam em produções cada vez maiores. Para esta tour em específico, os suecos preferem um espectáculo onde a performance e a emoção falem mais alto que os efeitos visuais, mesmo sabendo que têm a capacidade e a experiência para montar concertos de escala monumental.

Ao longo da conversa, tanto Chris Adam como Per Bergquist insistem numa ideia: autenticidade. Os SMASH INTO PIECES podem vestir-se de conceitos futuristas e explorar narrativas distópicas, mas no coração da banda está uma filosofia simples: criar música honesta, que ressoe tanto nos músicos como no público. “Quando começámos, não havia dinheiro. Dormíamos no chão do carrinha, tocávamos onde podíamos. Mas havia uma energia incrível. Essa energia é a mesma que queremos trazer agora a Lisboa”, declara Chris Adam. Essa honestidade faz com que a banda não veja as salas pequenas como um passo atrás, mas como uma reafirmação do que sempre foram.

Apesar da opção pelo minimalismo, os SMASH INTO PIECES não deixam de lado o cuidado com a produção. Todos os fãs, ou curiosos, que forem ao LAV – Lisboa Ao Vivo vão ser presenteados com um espectáculo visualmente marcante, mas sempre subordinado à presença da banda em palco. O equilíbrio entre luz, som e performance é, segundo explicam, pensado para “intensificar a experiência, sem roubar-lhe a proximidade“. É um contraste interessante: de um lado, a narrativa futurista e distópica de Arcádia, que se poderia expandir para produções dignas de grandes arenas; do outro, a experiência quase física de estar a poucos metros de uma banda que vive a sua música com intensidade total.

Para os fãs portugueses, esta é a oportunidade de testemunhar uma banda num momento de transição, a consolidar um novo capítulo criativo enquanto regressa ao espírito das origens. Lisboa oferece o cenário perfeito, com um público conhecido pela sua entrega e uma sala que favorece a intensidade. “Bem, não sabemos exactamente o que esperar. Mas é isso que torna estes concertos especiais: a surpresa, a energia que vem de um público que está a ver-nos pela primeira vez”, admite Per Bergquist.

No fim, o que define esta digressão — e este concerto em Lisboa — é a ideia de ligação. A ligação entre a banda e o seu público, entre palco e sala, entre passado e futuro. Os SMASH INTO PIECES podem falar de inteligência artificial e de mundos distópicos tanto quando quiserem, mas o que os move continua a ser algo profundamente humano: a energia partilhada, a sensação de comunidade. Para estes suecos, vai ser certamente uma forma de recordar porque começaram; para os fãs portugueses, a descoberta de uma banda que, em plena ascensão internacional, ainda não deixou de acreditar que a proximidade pode bem ser a verdadeira medida do sucesso.

No próximo Domingo, 14 de Setembro, Chris AdamPer Bergquist e o resto dos SMASH INTO PIECES trazem a Lisboa um espectáculo que olha para o futuro sem esquecer o passado. Entre algoritmos e suor, entre Arcádia e o presente, a estreia portuguesa promete, com os lusos NOWHERE TO BE FOUND na primeira parte. Os bilhetes para o espectáculo estão disponíveis ao preço de 22€ em primeartists.eu e nos locais habituais.