Para ouvir no início ao fim! Um disco confessional que rompe barreiras e expõe vulnerabilidades numa nova era para os SLEEP TOKEN, a banda-mistério britânica que anda a fazer furor por esse mundo fora.
Chegou finalmente o momento que os devotos de SLEEP TOKEN aguardavam com fervor. O novo álbum da banda britânica, «Even In Arcadia», já está entre nós — e é tudo menos previsível. Depois de meses de silêncio enigmático, teasers crípticos e antecipação quase religiosa por parte da sua crescente base de fãs global, Vessel e os seus companheiros voltam a desafiar convenções, tanto musicais como emocionais, e assinam um disco que marca um ponto de viragem na sua já complexa mitologia sonora.
Esta nova era dos SLEEP TOKEN começou a ganhar forma no início do ano com o lançamento de um site misterioso que acabou por dar as primeiras pistas sobre «Even In Arcadia». A primeira canção divulgada, «Emergence», surgiu como uma mini-odisseia de seis minutos e meio, conjugando piano etéreo com rap visceral, grooves djent profundamente texturizados e, para surpresa de muitos, um solo de saxofone bem carregado de sensualidade. Este início ambicioso estabeleceu o tom para o que viria a seguir: um disco onde a vulnerabilidade e a experimentação coexistem em equilíbrio inquietante.
Em «Caramel», segundo avanço do novo álbum dos SLEEP TOKEN, Vessel mergulha no turbilhão de contradições que a fama traz consigo. “I guess that’s what I get for trying to hide in the limelight”, canta ele, numa reflexão que não só expõe o desgaste da figura pública, como questiona o próprio desejo de visibilidade. Esta tensão entre o anonimato e a exposição, tão central à identidade da banda, atravessa todo o álbum como uma linha de força emocional.
Logo depois surgiu «Damocles», onde Vessel responde directamente a algumas das críticas que têm sido apontadas à banda — quer por parte de fãs, quer por parte da crítica. “I know I should be touring / I know these chords are boring / But I can’t always be killing the game” não é apenas um verso irónico, é um manifesto de exaustão criativa, um desabafo cru de quem sente o peso de manter expectativas irrealistas.
Este diálogo quase metatextual entre artista e audiência permeia grande parte de «Even In Arcadia». É como se SLEEP TOKEN, pela primeira vez, deixassem cair algumas camadas da sua habitual teatralidade para revelarem algo mais cru, mais humano. Esse percurso culmina num clímax emocional com os dois temas finais do disco: «Gethsemane» e «Infinite Baths». O primeiro começa de forma sussurrada, quase como uma prece, com Vessel a entoar “I was your robot companion”, enquanto a sua voz soa mais frágil e autêntica do que nunca. Já o segundo, com mais de oito minutos, é uma explosão de texturas, raiva e catarse, como se o álbum finalmente libertasse toda a tensão acumulada.
«Even In Arcadia» é, acima de tudo, um exercício de exposição emocional que desafia o ouvinte a seguir os SLEEP TOKEN por terrenos cada vez mais inexplorados. Abandonando qualquer ideia de fórmula ou de zona de conforto, o cocletivo continua a expandir os limites do que significa ser uma banda de metal alternativo no século XXI — e fá-lo com uma honestidade desarmante.
