O fim da fase mais marcante da carreira dos SLAYER, os seus primeiros cinco discos, e um golpe de mestre chamado «Seasons In The Abyss».
Entrando nos anos 90 da melhor maneira para a música extrema, este é um daqueles discos irrepetíveis, cujo alinhamento de sonho possui alguns dos maiores hinos dos SLAYER — de «War Ensemble» a «Dead Skin Mask», passando por «Blood Red» ou «Spirit In Black», todo ele é uma jornada às profundezas mais inóspitas do inferno sonoro. E, como diz o nosso José Almeida Ribeiro, foi tão simples chegar ao resultado daquele que poderia bem ser o único disco de thrash do mundo…
“Foi tão simples! Ao misturarem a atmosfera sinistra do «South Of Heaven» com a agressividade, os riffs frenéticos e a velocidade do «Reign In Blood», os SLAYER conseguiram uma dinâmica e uma diversidade que nunca antes tinham tido. «Seasons In The Abyss» é o disco do equilíbrio, dez canções ultra catchy – passíveis de serem cantaroladas do primeiro ao último riff – que mostram uma banda amadurecida! Talvez por isso, desde 1990, ano em que foi lançado, este seja o álbum mais tocado ao vivo por King e companhia. Se só houvesse um disco de thrash metal no mundo, tinha de ser este!“.
Após delimitarem novo território no thrash com o subestimado «South Of Heaven», de 1988, com o «Seasons In The Abyss» — que, editado a 9 de Outubro de 1990, comemora já mais três décadas de existência —, os SLAYER optaram por trazer de volta um pouco da velocidade do «Reign In Blood» à sua sonoridade. Essencialmente, ao longo de dez temas, o quarteto formado por Tom Araya, Kerry King, Jeff Hanneman e Dave Lombardo funde o que tinha feito nos dois predecessores, alternando de uma forma muito inteligente o meio-tempo pesadão do «South Of Heaven» com explosões maníacas de velocidade e agressão.
Liricamente, a par do «Master Of Puppets» dos METALLICA e do «Peace Sells… But Who’s Buying» dos MEGADETH, o «Seasons In The Abyss» pintou a América da era Reagan como uma fossa de corrupção e crueldade, e a música, claro, é carrega todo esse peso, tão diabolicamente eficaz como sempre. A «War Ensemble» e o tema-título, por exemplo, representavam lados opostos da mesma moeda e o álbum, como um todo, afirmou-se como a proposta mais acessível que os SLAYER tinham feito até então.
Com a produção nítida e límpida a reflectir refinamento ao invés de progressão e exibindo num só disco todas as qualidades dos SLAYER, mesmo que o «Seasons In The Abyss» não apresente exactamente o mesmo frescor dos dois discos que o antederam, é tão forte em todos os outros aspectos que só pode ser descrito como uma obra-prima do thrash.