No dia em que o «Reign In Blood» celebra 38 anos, cabe ao José Carlos Santos debruçar-se sobre aquele que será para sempre o álbum mais aclamado da história dos SLAYER.
Editado originalmente a 7 de Outubro de 1986, desde que chegou aos escaparates, numa altura em que a cena thrash estava em estado de ebulição, o «Reign In Blood», mudou a vida de muita gente — e o nosso caríssimo chefe de redacção está, obviamente, incluído na lista de pessoas que se deixaram tocar bem fundo por temas como «Angel Of Death», «Altar Of Sacrifice», «Postmortem» ou «Raining Blood».
Portanto, hoje, 7 de Outubro, dia em que o terceiro registo de longa-duração da banda então formada Tom Araya, Kerry King, Jeff Hanneman e Dave Lombardo comemora o seu 37.º aniversário, cabe ao José Carlos Santos debruçar-se sobre aquele que será para sempre o mais aclamado álbum da história dos SLAYER, e certamente um dos mais referidos como influência por toda a comunidade metaleira.
Lembro-me de cada minuto do trajecto para casa, de volta de uma visita a uma emblemática loja de discos e instrumentos musicais de Vila Franca de Xira especificamente para o comprar, a ler as letras no booklet, a imaginar ao que soariam todas aquelas imagens terríveis e ao mesmo tempo tão fascinantes que o “pacote” completo do «Reign In Blood» estavam a evocar na minha mente pre-teen. O que é , diga-se, um feito de memória nada mau, porque já lá vão mais de 30 anos. O «Reign In Blood» foi o quarto disco que comprei na minha vida, depois do «Kings Of Metal», do «Seventh Son Of A Seventh Son» e do «Ride The Lightning».
Foi um início de descoberta de um maravilhoso mundo novo cuidadosamente escolhido a cada passo (até porque três contos ainda eram dinheiro para um miúdo) — os MANOWAR por terem sido a porta de entrada, os IRON MAIDEN e os METALLICA por terem sido as bandas que já conhecia só de nome e cujos discos já tinha visto com curiosidade nas lojas, e os SLAYER… porque me assustavam. Porque via gajos mais velhos que me metiam medo com roupa a dizer SLAYER, porque tinha genuíno receio do que me podia acontecer a ouvir aquilo, porque era uma extremidade quase demasiado real. E foi um salto de fé decisivo e do qual não me arrependo.
Terá começado aqui, nos 28 imparáveis minutos de um dos discos mais marcantes da história do metal, a minha busca eterna, que ainda hoje se mantém, pela próxima música que me “assuste”, pelo próximo disco que seja tão “feio” e tão fora da minha zona de conforto que me obrigue a ficar a ouvi-lo só pela teimosia de entrar nesse mundo desconhecido.
Já com outro “arcaboiço”, sou capaz de dizer hoje que a maior parte dos meus temas favoritos dos SLAYER nem são deste disco («Black Magic», «Dead Skin Mask», «Hell Awaits»…), e pedirem-me para escolher o “melhor” deles todos é como pedirem-me para dizer qual dos meus cães eu gosto mais, mas o que começou tudo foi o «Reign In Blood». O que me fez voltar a Vila Franca no dia seguinte para comprar tudo o resto dos SLAYER que lá havia (mais o «Piece Of Mind», foi uma boa colheita) foi o «Reign In Blood».
O mais influente de forma universal é também o «Reign In Blood» (não há UM metaleiro no mundo, tenha 12 ou 62 anos, que não reconheça num segundo o início da «Raining Blood»). E como um bloco contínuo de agressão primária pura, não há nada como este disco.