ALTERBRIDGE

Após seis anos de ausência dos palcos britânicos, os titãs do thrash SLAYER assinaram um regresso explosivo diante de 35 mil fãs — mas nem tudo foi sangue, fogo e glória.

Num regresso há muito esperado e não menos controverso, os SLAYER deram início à sua tour europeia de 2025 com um concerto esmagador em Cardiff, no Reino Unido. A histórica actuação decorreu na noite de ontem, dia 3 de Julho, nos Blackweir Fields, perante cerca de 35 mil pessoas — assinalando não só o primeiro concerto da banda em solo britânico desde 2019, como também um dos maiores espectáculos da sua carreira em território europeu.

O evento contou com um cartaz de luxo que reuniu nomes de peso como AMON AMARTH, ANTHRAX, MASTODON, HATEBREED e NECKBREAKKER, garantindo uma noite de celebração feroz para os amantes do metal extremo. Ainda assim, nem tudo correu sem sobressaltos: a disparidade dos preços nos bilhetes gerou forte indignação entre os fãs, que rapidamente levaram a questão à imprensa local.

Segundo reportou o WalesOnline, muitos fãs dos SLAYER ficaram desiludidos após verem os bilhetes a serem disponibilizados a preços promocionais de apenas 20 libras, quando originalmente tinham sido vendidos por valores superiores a 100. “Muitos de nós pagaram 103 libras ou mais. Verdadeiros fãs, que fazem sacrifícios todos os meses para conseguirem ir a estes eventos”, desabafou um dos fãs entrevistados, acrescentando que “uma redução de 80% nas últimas semanas, por e-mail da Ticketmaster, é um murro no estômago. Pedimos ao menos um reembolso parcial ou uma t-shirt como compensação — e não vales de bebidas, porque nem todos bebemos ou vamos de transportes públicos.”

A polémica levantou também questões sobre a capacidade dos Blackweir Fields, que alguns consideram ter sido uma escolha demasiado ambiciosa para uma banda cuja última tour de despedida já datava de 2019. A isso somam-se críticas à falta de transparência na gestão dos preços e promoções, que acabaram por criar divisões numa base de fãs tradicionalmente unida.

Ainda assim, e apesar da controvérsia, os SLAYER provaram que continuam a ser uma força bruta nos palcos. A actuação de 20 temas mergulhou de cabeça no repertório mais icónico da banda, arrancando com a clássica «South Of Heaven» e navegando por hinos como «Disciple», «War Ensemble», «Dead Skin Mask» e «Hell Awaits».

Um dos momentos mais marcantes da noite foi a inclusão de «Spirit In Black», tema do álbum «Seasons In The Abyss», que não era tocado ao vivo desde 2017. O encerramento apoteótico coube aos inevitáveis «Raining Blood», «Black Magic» e «Angel Of Death», em linha com a tradição dos SLAYER em deixar os palcos sob uma chuva de caos e distorção.

Apesar da retirada dos palcos anunciada em 2019, os SLAYER surpreenderam o mundo ao anunciarem, no ano passado, um regresso selectivo com concertos muito específicos em festivais e eventos de grande escala. As datas em Cardiff e em Londres — onde tocam no próximo Domingo, 6 de Julho, no Finsbury Park, com capacidade para 45 mil pessoas — são os únicos espectáculos em nome próprio da banda na Europa este ano. A decisão sublinha a raridade e o simbolismo destas aparições, que se transformaram em verdadeiros eventos históricos para os fãs mais devotos.

Para muitos, a actuação em Cardiff foi uma reafirmação de que o legado dos SLAYER continua vivo, mesmo num panorama musical em constante mutação. Com Kerry King, Tom Araya, Gary Holt e Paul Bostaph a mostrarem-se em plena forma, o futuro da banda permanece envolto em mistério — mas a noite de 3 de Julho será certamente recordada como um dos capítulos mais intensos da sua já longa história.

A polémica do preço dos bilhetes, por outro lado, levanta uma discussão pertinente sobre o equilíbrio entre acessibilidade, exclusividade e respeito pelo público fiel. Um debate que não termina aqui, mas que não conseguiu ofuscar por completo o impacto sísmico de uma das maiores máquinas do thrash metal em acção. Confere mais vídeos filmados pelos fãs em baixo.