No passado mês de Fevereiro, o incomparável SLASH, juntamente com os MYLES KENNEDY AND THE CONSPIRATORS, lançou o seu novo disco de estúdio, simplesmente intitulado «4». Agora, no dia 18 de Junho, a assinalar mais um edição do Record Store Day, vão lançar «Live At Studios 60» que é, na prática, o «4» gravado ao vivo. Para saber mais sobre estes dois lançamentos, e em exclusivo para Portugal, a LOUD! esteve à conversa com o guitarrista norte-americano, que garantiu que a banda irá regressar à Europa em 2023, com passagem “quase” confirmada por Portugal.
Como correu a digressão que teve início em Fevereiro?
Correu bem. Acho que foi a melhor digressão que fizemos nos Estados Unidos até agora, nestes dez ou onze anos em que estamos juntos. Foi divertido… Sinto agora alguma ansiedade para fazer a parte internacional, que só deve acontecer em 2023. Estou muito curioso para perceber como vão correr essas datas.
Falando de «4», o vosso mais recente disco de estúdio… Como decorreu o processo de composição, tendo em conta que estávamos ainda no meio da pandemia?
Tínhamos composto uma série de coisas antes de entrarmos em estúdio, ainda durante a digressão Living The Dream. Fazemos sempre isso. O que acontece é que eu apresento uma ideia –tenho facilidade em escrever na estrada – no soundcheck, e aproveitamos essas alturas para trabalharmos nessas peças musicais. O Myles [Kennedy, vocalista] vem com ideias para melodias também, e vamos gravando essas coisas. Assim que acabámos uma digressão, vamos para estúdio e começamos a trabalhar nas canções. Por isso, já tinha algum material e, depois durante a pandemia, escrevi mais uma catrefada de músicas. Comecei a fazer demos, porque não podíamos estar todos juntos, fiz algumas completas com pistas de bateria e tudo! [risos] Depois enviei-as para o Myles, que trabalhou em cima delas. Eventualmente, o Todd [Kerns, baixista] acabou por juntar-se a nós e gravou linhas de baixo para alguns desses temas. Até que houve um momento em que pudemos finalmente estar todos juntos, e fizemos uma pré-produção durante umas duas semanas, no meu estúdio. Por essa altura, já tínhamos reservado algum tempo de estúdio em Nashville para trabalhar com o Dave Cobb, por isso foi sair da pré-produção directamente para Nashville para fazer o disco.
Por falar no Dave Cobb, foi ele o responsável por vocês gravarem ao vivo em estúdio?
Não, não. Ele não nos fez gravar ao vivo! Isso era algo que eu estava a tentar fazer há algum tempo e nunca tinha encontrado um produtor que quisesse fazê-lo!. Durante a minha carreira inteira não encontrei um único produtor disposto a isso. O Dave foi o primeiro, e foi essa a razão pela qual decidimos trabalhar em conjunto.
Ouvindo o disco, percebe-se uma banda que está a divertir-se em estúdio e que se sente inspirada. Tiveste mesmo essa sensação?
Sim, sem dúvida! Divertimo-nos bastante. Fizemos o disco muito rapidamente. Já que íamos gravar ao vivo, fizemos duas canções por dia, durante cinco dias. Foi como estar numa sala de ensaios a improvisar. O Myles estava a cantar ao vivo… Foi excelente, foi quase como estar a dar um concerto. Foi porreiro. Antes disso, a base do disco era gravada ao vivo e depois tinha que voltar a estúdio para regravar as guitarras, porque odeio gravar com auscultadores. Nesta situação, conseguimos gravar tudo ao vivo na mesma sala. E essa é uma das razões porque nenhum produtor quer fazer isso, porque há sempre um factor de risco de ruído. É a merda mais anti-rock’n’roll que alguns produtores fazem. Mas ter os amplificadores na sala e tocarmos uns com os outros como fazemos normalmente, ao vivo, foi incrível. E manter os solos de guitarra gravados no momento também, claro. Acho que isso se nota, como dizes. Na minha opinião, quanto mais gravas em camadas, acho que mais acabas por cobrir a energia original do tema.
Isso quer dizer que a maioria dos temas foram gravados à primeira?
Sim… acho que tudo o que gravámos, foi em um, dois ou três takes no máximo!
Nashville é conhecida como a cidade da música. O que faz gravar lá tão atractivo?
Bem… é, de facto, uma cidade musical. O local onde fica o Studio A é literalmente um local onde só há estúdios e escritórios ligados à música. [risos] Não conheço nenhuma outra cidade que tenha essas características. Claro que em Hollywood temos uma zona que é só estúdios de televisão e filmes. Mas em Nashville, a baixa é dedicada à música e isso sente-se quando lá estamos. Para nós, foi o facto de gravarmos particularmente naquele estúdio, que tem uma aura especial. Todos os lendários artistas que gravaram lá ao longo dos anos tornaram aquele estúdio especial. Há um sentimento das grandes personalidades que por lá passaram. Sente-se nas fotografias a preto e branco espalhadas ao longo do estúdio e que te levam para um outro tempo. É um estúdio muito porreiro para se trabalhar, por isso não sei se é o sentimento da cidade em si, ou daquele estúdio em particular, que torna a coisa especial para nós. A verdade é que, regra geral, Nashville tem muita música à volta.
E enquanto músico e guitarrista, o que procuras num estúdio quando queres gravar?
Essa é uma grande questão! Eu gosto de gravar em analógico, por isso procuro uma mesa analógica, máquinas de fitas, efeitos e pré-amplificadores analógicos e cenas do género. Consigo trabalhar em qualquer ambiente, mas quando vejo esse tipo de equipamento sinto-me inspirado e entusiasmado. Este era o estúdio que tinha esse equipamento clássico e em grandes condições. A sala onde gravámos é enorme, e não é muito viva, apesar de ser grande e ter chão de madeira. As paredes fazem com que não haja muito ambiente e isso acabou por ajudar no processo de gravação. Foi uma grande sala para se trabalhar, e o Dave Cobb foi espectacular. De certeza que vou fazer o próximo disco com ele.
Quando estás em estúdio, tens uma guitarra preferida para gravar?
Tenho muitas guitarras! Mas sim, tenho uma guitarra preferida que uso desde o «Appetite For Destruction». Quando faço uma sessão com uma banda à qual pertenço, uso sempre essa guitarra. Quando faço outras sessões, não sou muito esquisito. Mas para as minhas próprias coisas, uso esta Les Paul especifica, e depois tenho um monte delas que posso usar a qualquer altura.
Agora para o Record Store Day, vão editar «Live At Studios 60». Sentes que o novo disco é assim tão forte, ao ponto de fazerem essa sessão e gravá-lo já ao vivo para lançar em formato áudio?
Acima de tudo, queríamos fazer algo, porque andávamos todos ansiosos por causa da pandemia. Depois de gravarmos o disco de estúdio, precisávamos de conteúdo para quando o «4» fosse editado, por isso fomos para um grande armazém no Sul de Los Angeles, e gravámos o disco novamente ao vivo na sua totalidade, mas desta vez, filmámos a nossa actuação num espaço aberto, todos juntos. Na verdade, fizemo-lo em três localizações diferentes, mas havia um local principal que foi onde fizemos o disco ao vivo e foi só para nos divertirmos. Era algo interessante para estar disponível para os fãs que gostam desse tipo de coisas.
Há pouco falaste de uma possível digressão europeia para 2023. Tens ideia de quando é que isso vai acontecer?
Acho que vai acontecer, se bem me lembro, em Maio e Junho… ou Abril e Maio.
E regressas a Portugal?
Espero bem que sim, mas ainda não vi a lista de países onde vamos actuar.
A última vez que passaste por cá foi no Campo Pequeno.
Sim, já fizemos dois bons concertos em Portugal. Agora, quero encaixar o maior número de datas possível nessa tour.