SEPULTURA

SEPULTURA: 28 anos de «Roots»

E tu, quase três décadas depois, como recordas o último álbum que os SEPULTURA gravaram com MAX CAVALERA?

Foi em Belo Horizonte, corria o ano de 1983, que a história dos brasileiros SEPULTURA começou. Mais precisamente no momento em que os irmãos Cavalera, Max e Igor, decidiram convidar dois colegas de liceu, Paulo Jr. e Jairo Guedz, para formar uma banda. Um ano depois, o dono da Cogumelo Records vê-os tocar num festival em Belo Horizonte e contrata-os de imediato, seguindo-se a edição de «Bestial Devastation».

Gravado em dois dias (e partilhado com os conterrâneos OVERDOSE), o disco foi editado em 1985 e deu origem a uma digressão pelo Brasil, que antecedeu o lançamento do álbum de estreia, «Morbid Visions» e a troca de Jairo por Andreas Kisser em 1986. O passo seguinte foi dado com «Schizophrenia», o último LP para a Cogumelo e aquele em que começam a dar que falar, vendendo cerca de 10.000 cópias só nas primeiras semanas. A New Renaissance lançou-o depois nos Estados Unidos e, em 1989, surgiu a oferta por parte da Roadrunner Records para um contracto sete anos, que assinam para a edição do terceiro disco.

Gravado em nove dias e produzido por Scott Burns, o hoje clássico «Beneath The Remains» afirmou-os como sérios candidatos ao pódio do thrash, sendo considerado um dos melhores lançamentos do ano e comparado ao «Reign in Blood», dos Slayer. Os SEPULTURA fazem pela primeira vez uma tour fora do Brasil, que inclui uma paragem no Dynamo Open Air, onde tocaram para cerca de 26.000 pessoas e conheceram Gloria Bujnowski, que se transformou na manager do grupo. Foi aí que começou a sua escalada para o sucesso…

Em 1991, tocam no Rock in Rio II, para 50.000 pessoas e, dois meses depois, lançam «Arise», que vendeu cerca de 160.000 cópias nas oito primeiras semanas. Sucedem-se muitos concertos e, dois anos depois, o «Chaos AD», primeiro registo com influências tribais e que deu origem aos singles de enorme sucesso «Refuse/Resist», «Territory» e «Slave New World». No mesmo ano, são a primeira banda proveniente de um país de Terceiro Mundo a tocar no Monsters of Rock, frente a outras 50.000 pessoas.

Em 1996, «Roots Bloody Roots» antecede «Roots». Originalmente editado no dia 20 de Fevereiro desse ano pela Roadrunner Records, o sexto álbum da mais influente e respeitada das bandas brasileiras de metal foi lançado há precisamente 28 anos. O sucessor do também muito influente e aplaudido «Chaos AD», que tinha sido lançado três anos antes, foi produzido pelo então muito requisitado Ross Robinson nos estúdios Indigo Ranch, em Malibu, na Califórnia.

Fiel ao seu título, o «Roots» revelou-nos uns SEPULTURA mais experimentais e tribais do que nunca, a abraçarem com todo o coração os ritmos brasileiros que já tinham dado um ar da sua graça no «Chaos AD». Aprimorando a música com gravações dos índios Xavantes e com uma preciosa ajuda do cantor e percussionista Carlinhos Brown, que orquestrou e gravou as secções de percussão, os músicos tornaram-se numa das propostas mais inventivas no metal dos 90s.

Agora menos focados na rapidez do thrash, o que pode ter desiludido alguns fãs dos discos anteriores, os riffs denotam uma crescente influência do metal alternativo que estava a surgir na altura, com bandas como os KORN e DEFTONES a serem uma referência muito importante em muito do que se ouve aqui. Na altura ninguém o poderia prever, até porque na altura o quarteto estava prestes a transformar-se num dos grandes nomes do metal, mas o «Roots» acabou também por marcar a última gravação da banda de Belo Horizonte com o vocalista, guitarrista e membro fundador, Max Cavalera.