Se a Oprah tem um, o gato do Amorim também.
Tiremos um momento para reflectir sobre a importância de Black Sabbath nas nossas vidas.
Foi pouco. Imaginem o mundo sem Black Sabbath.
Insuportável, não é?
Pois.
Uma vénia a Tony Iommi, pai do Metal.
O silêncio de alguns meses merece ser interrompido para recomendar a leitura desta biografia, que constitui igualmente uma boa sugestão de oferta nesta quadra natalícia. 2013 foi um ano de muitas emoções para Iommi, com o lançamento de «13», álbum de regresso dos Black Sabbath, mas também pela cruzada agridoce que representa a tournée mundial que está a ser um sucesso estrondoso mas com o negro fantasma do cancro sempre presente. Os tratamentos têm-se revelado bem-sucedidos mas a praga pode não estar completamente aniquilada.
O livro começa pelo início (!), com relatos da infância e juventude de Tony Iommi e como o seu interesse pela música foi despertado. As dificuldades vividas na cinzenta Birmingham no pós-guerra, os primeiros projectos musicais e a forma como conheceu os outros três protagonistas de uma das mais influentes bandas da história da música são relatados de forma objectiva mas sem grande detalhe, procurando tornar a leitura o mais fluída possível. De forma mais aprofundada, Iommi fala do acidente laboral que lhe custou as cabeças dos dedos da mão direita e quase acabava com a sua carreira de músico. Pelo contrário, fê-lo adaptar-se, baixando a afinação da sua guitarra e assim criando uma sonoridade que se tornaria única.
Os capítulos tornam-se mais interessantes com a formação dos Earth, a mudança de nome para Black Sabbath, o ingresso de Iommi nos Jethro Tull, a gravação dos dois primeiros álbuns e o sucesso que não tardou a chegar. A fase de «Master Of Reality» e «Vol.4», com todo o tipo de drogas e excessos a fazerem parte do quotidiano da banda, especialmente cocaína (tendo-lhe dedicado o tema «Snowblind»), até aos primeiros sinais de convulsão que, ultimamente, levaram à saída de Ozzy Osbourne, são de leitura compulsiva embora, exceptuando algumas histórias imperdíveis, não representam novidade para os fãs mais atentos.
A grande mais-valia deste livro encontra-se na história mais desconhecida dos Black Sabbath, nomeadamente nos anos 80, com Ronnie James Dio como vocalista bem como nas fases com Tony Martin ou Ian Gillian. Apesar de incomparáveis com os seus clássicos (os seis primeiros discos e «Heaven And Hell» para os fãs de Dio) há muitos momentos de interesse perdidos pela extensa discografia da banda e que este livro leva a redescobrir. Mas houve uma altura que os Black Sabbath eram quase considerados uma anedota, fazendo sessões fotográficas com os Spinal Tap, e chegaram a ficar reduzidos a um único elemento. Tony Iommi, por maiores que fossem as dificuldades, nunca desistiu. Uma lição de perseverança e resiliência que deve ser passada às novas gerações, aqui contada sem rodeios.
Por isso, levantemos os nossos copos à saúde de Tony Iommi.