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Clássicos, surpresas e emoção marcaram o arranque da digressão europeia dos lendários SAVATAGE no festival Into The Grave, nos Países Baixos.

Depois de mais de duas décadas longe dos palcos europeus, os SAVATAGE voltaram a fazer história com o início oficial da sua primeira digressão europeia em 23 anos. A estreia deu-se na passada sexta-feira, 13 de Junho, no festival Into The Grave, em Leeuwarden, nos Países Baixos — um evento que serviu de palco para um espectáculo tão nostálgico quanto simbólico, com um alinhamento que percorreu diversas fases da carreira da banda norte-americana de metal progressivo.

Com uma actuação poderosa e carregada de emoção, Johnny Lee Middleton, Chris Caffery, Al Pitrelli, Jeff Plate e Zak Stevens revisitaram alguns dos temas mais emblemáticos da discografia do grupo, num concerto que durou cerca de duas horas. Entre os momentos mais marcantes da noite esteve a execução de «Nothing’s Going On», tocada ao vivo pela primeira vez desde 1998, num alinhamento que também incluiu hinos como «Hall Of The Mountain King», «Edge Of Thorns», «Chance» e «Gutter Ballet».

A formação actual dos SAVATAGE inclui ainda dois teclistas de apoio — Paulo Cuevas e Shawn McNair — que acompanharam a banda nos concertos recentes na América do Sul, incluindo o muito aguardado espectáculo de 21 de Abril no Espaço Unimed, em São Paulo. Esse concerto marcou o primeiro da banda em nome em mais de duas décadas, precedido pela actuação no Monsters Of Rock, também no Brasil.

A digressão europeia de 2025 marca um novo capítulo para os SAVATAGE, mas também traz consigo a ausência notória de Jon Oliva, figura fundadora e alma criativa do grupo. O músico tem enfrentado sérios problemas de saúde nos últimos anos, incluindo a fratura de três vértebras torácicas, esclerose múltipla e a doença de Ménière. No entanto, apesar de ausente dos palcos, Oliva continua a influenciar diretamente o renascimento da banda.

Em entrevista recente ao podcast Dr. Music, Chris Caffery falou sobre a resiliência do colega e a forma como tem reagido ao regresso da banda: “Ele tem passado por muito… Perdeu tantas pessoas próximas. Mas continua a ser o rei da montanha. Deu uma queda, sim, e está a lidar com problemas de saúde, mas vi-o passar de uma cadeira de rodas motorizada para andar com ajuda de um andarilho e, depois, a caminhar para dentro e fora do estúdio durante os ensaios para a digressão da América do Sul.”

Caffery revelou ainda que Oliva gravou uma peça em vídeo usada ao vivo durante a interpretação de «Believe», e que continua a inspirar o grupo à distância. “Ele quer estar connosco. E eu também quero que ele esteja connosco. Disse-lhe: ‘Nunca toquei um concerto dos SAVATAGE sem ti.’ E ele respondeu: ‘Vai lá e toca a porra da música.’ Isso significou tudo para mim.”

Após o concerto no Into The Grave, os SAVATAGE têm agora pela frente mais dez datas na Europa ao longo de junho, incluindo passagens por dois dos maiores festivais do velho continente: o Hellfest, em França, e o Graspop Metal Meeting, na Bélgica. O impacto da digressão não está a passar despercebido aos fãs de longa data, muitos dos quais já davam a banda como permanentemente encerrada depois do hiato iniciado em 2002, interrompido apenas pela reunião especial no Wacken Open Air em 2015.

Com Zak Stevens na voz — o mesmo que deu corpo aos álbuns «Edge Of Thorns», «Handful Of Rain», «Dead Winter Dead» e «The Wake Of Magellan» — e um alinhamento de músicos profundamente ligados à história da banda, os SAVATAGE estão a celebrar o seu passado com os olhos postos no futuro. Apesar dos desafios e da ausência física de Jon Oliva, a sua presença espiritual permanece incontornável. E com cada acorde, cada solo e cada refrão entoado em uníssono por milhares de vozes, fica claro: os SAVATAGE voltaram — e não estão aqui apenas para recordar o passado, mas para escrever novos capítulos na sua história.