Satyr Wongraven, o frontman dos SATYRICON, discute abertamente os acontecimentos que muito afectaram a percepção que o público tem do black metal norueguês.
A história controversa e complicada que envolve o black metal é uma parte tão integrante da evolução do género como da própria música. Durante a inauguração da exposição colaborativa dos SATYRICON com o pintor norueguês Edvard Munch, que esteve em exposição no Museu Munch, em Oslo, durante Agosto do ano passado, o frontman da banda discutiu abertamente os incêndios em igrejas e assassinatos sucedidos nos anos 90 que afectaram em muito a percepção que pessoas têm actualmente da tendência.
“Os incêndios em igrejas e os assassinatos fazem parte da nossa história“, disse o músico, começando por constatar o óbvio. “Se esse é um obstáculo que as pessoas têm de ultrapassar, então não há nada que eu possa fazer em relação a isso. Não me vou distanciar da cena em que cresci. Não vou pedir desculpa e, na verdade, muitas das pessoas que pessoalmente têm algo a justificar, são meus amigos. Fizeram o que fizeram, foram julgados, foram condenados, cumpriram a sua pena e foram libertados. É assim que a sociedade funciona“.
Apesar da música que os SATYRICON gravaram para a exposição não usar as marcas típicas do género — tremolo picking, blasts e vocalizações gritadas — e a grande maioria dos fãs achar que não cumpre todos os padrões do trve norwegian black metal, Satyr explicou que esta foi uma oportunidade muito bem-vinda para expandir os horizontes da banda, dizendo que não pode “subscrever a ideia de algum adolescente na Alemanha sobre a pureza do black metal“. “Sempre recusei relacionar-me com pessoas assim — pessoas que nem sequer nasceram quando estávamos a moldar tudo isto. São gente que não sabe nada acerca disto“, explicou ele. A extensa entrevista pode ser lida na íntegra aqui.
«Satyricon & Munch», foi editado a 10 de Junho de 2022 e pode ser escutado na íntegra no player em baixo. O disco foi inteiramente escrito e gravado para acompanhar a exposição Satyricon & Munch, que foi inaugurada no dia 29 de Abril no Museu Munch em Bjørvika, Oslo, com o objectivo de celebrar a vida e obra do artista norueguês Edvard Munch. “Esta é a música feita para a exposição Satyricon & Munch”, explicou a dupla formada por Satyr e Frost aquando do lançamento. “Este álbum é uma consequência directa da realização de uma exposição de arte, mas durante o processo tornou-se claro que a música vale por si e, por isso, decidimos transformá-la também num disco”.
Apesar de nos mostrar uns SATYRICON bem diferentes daqueles a que nos habituámos, a verdade é que a banda nunca se furtou a rebater os estereótipos do black metal e esta é uma óptima forma de dar nova perspectiva à obra fenomenal de Munch, num tipo de colaboração que promete ser pioneiro e fazer história.