No passado dia 8 de Setembro, celebrou-se o nono aniversário do skatepark do Parque das Gerações, em São João do Estoril – evento levado a cabo e com suporte da loja Bana, e com apoio da câmara de Cascais. A comunidade foi presenteada com concertos dos Rosa Sparks (punk / rock – dub) e dos Flyin’ Kings (ska / reggae), bandas compostas por músicos da zona, contribuindo desta forma ainda mais para um espirito comunitário já tão visível dentro de uma celebração de espaço como este. Diversas foram as actividades realizadas durante o evento, tais como aulas de skate gratuitas, “live painting” de arte urbana pela mão de Bruno Redefine e de Marie “Tattoo” e diversos “challenges”, entre outros. De salientar o destaque ao skate de inclusão. A prática de skate sempre teve uma ligação fortíssima a movimentos de contra cultura ou contestação. Embora tenha surgido muito mais cedo, foi nos anos 80, com o surgimento do hardcore, que o skate / punk se tornou numa subcultura com outro peso. Já em finais dos anos 70 havia diversos skaters como uma postura e atitude punk bastante visíveis, surgindo assim como sinónimos de rebeldia e atitude punk. A Thrasher Magazine criava e divulgava colectâneas musicais dentro do género musical ou mais centralizadas dentro do rock, que chegaram a ter a curadoria do fotógrafo Morizen Foche “MoFo”, que foi integrante da banda Drunk Injuns. Acabaram também por surgir outras bandas como os The Faction (com Steve Caballero) ou os U.S. Bombs, entre outras. Provavelmente um dos maiores expoentes musicais da subcultra deu-se com o surgimento dos Suicidal Tendencies, banda criada, como sabemos, por Mike Muir, irmão mais novo de Jim Muir (Dogtown & Z-Boys).
Neste dia, a primeira parte dos concertos esteve a cargo dos Flyin’ Kings. A banda de Cascais lançou o seu EP de estreia em 2020, «Starting A Fire», que faz parte de um conjunto de quatro EPs, cada um a fazer referência a um elemento de natureza. Apresentaram em 2022 o seu disco de estreia «Surfin’ The World», e já tocaram como suporte de bandas referência no reggae como os Groundation. A festa e celebração dos nove anos do Parque das Gerações não poderia ter começado de melhor forma, com uma vibração sonora de reggae e ska, à qual público literalmente de todas as idades aderiu.
A celebração musical prosseguiu com o concerto dos Rosa Sparks, que proporcionaram uma identidade sonora que vai do dub ao punk. Tivemos ainda a oportunidade de estar à conversa com dois dos elementos da banda – Johnnie (Simbiose) e Ricardo Barrigas (Peste & Sida / Boca Doce). Falou-se de como o projecto musical começou, e também sobre o que podemos esperar num futuro próximo. A banda é composta por músicos que são amigos de longa data, todos com uma atitude política e social interventiva, e essas origens são bastante visíveis na postura e componente lírica da banda. Encontram-se de momento em gravações de temas novos, e têm uma ligação forte ao parque e a todo este espaço comunitário.
De reforçar que o Parque das Gerações ainda se encontra numa situação delicada. A continuidade do espaço, tal como o conhecemos está em causa. Para conhecer melhor a situação e saber como ajudar o Parque das Gerações, há uma petição em vigor que fornecerá todas as informações.
#supportyourlocalcommunity
FOTOS: Solange Bonifácio