ROBB FLYNN

ROBB FLYNN, dos MACHINE HEAD, revela os seus discos favoritos de 2025

Da country fora da lei ao death metal mais abrasivo, ROBB FLYNN abre o jogo sobre os discos e canções que mais o marcaram ao longo deste ano.

O fim de mais um ano costuma trazer consigo balanços, listas e reflexões, e Robb Flynn, vocalista e guitarrista dos MACHINE HEAD, decidiu partilhar publicamente um retrato bastante íntimo da música que mais ouviu ao longo de 2025. Através de uma playlist intitulada Robb’s Top 10 “Listened To” of 2025, Flynn revelou não apenas os artistas e canções que mais o acompanharam, mas também comentários detalhados que ajudam a compreender o seu estado de espírito, as suas necessidades emocionais e a forma como continua a ouvir música sem fronteiras estilísticas.

Apesar do título sugerir uma lista curta, a selecção de Flynn inclui, na realidade, 67 temas, com vários artistas a surgirem repetidamente. O resultado é um mapa sonoro surpreendentemente diverso, onde convivem a country alternativa, o hardcore moderno, o metal extremo, o hip hop e algumas das bandas mais discutidas do panorama pesado contemporâneo. Mais que uma lista de favoritos, trata-se de um testemunho honesto de alguém que continua a procurar verdade na música, independentemente do volume ou da distorção.

Entre todas as escolhas, houve um nome que se destacou de forma clara: ZACH BRYAN. Segundo Robb Flynn, os dois álbuns mais ouvidos de todo o ano pertencem ao músico norte-americano, associado ao chamado outlaw country alternativo. O líder dos MACHINE HEAD descreve estes discos como os seus refúgios emocionais de eleição. “Indiscutivelmente, os meus dois álbuns mais ouvidos de 2025. Tornaram-se os meus discos de eleição quando precisava de algo pesado na alma, mas não nas guitarras. Zach Bryan apanhou-me completamente de surpresa. Maioritariamente acústico, quase sem distorção, certamente sem batidas thrash — apenas emoção crua”, escreveu Flynn.

O impacto foi profundo. “Zach Bryan escreve como se estivesse a despejar a alma, uma linha de cada vez, e isso apanhou-me de uma forma que não estava à espera”, acrescenta, citando temas como «Hey Driver», «Whiskey Fever», «Jake’s Piano», «East Side Of Sorrow», «Something In The Orange», «Mine Again», «Cold Damn Vampires» e «’68 Fastback» como alguns dos seus momentos preferidos. Para Flynn, a honestidade foi decisiva: “Às vezes, a melhor música não precisa de ser alta — precisa apenas de ser honesta, de uma forma quase desconfortável. E foi por isso que voltei a estes discos vezes sem conta.”

No extremo oposto do espectro emocional e sonoro, Robb Flynn não escondeu o entusiasmo por duas das bandas mais faladas da música pesada actual: SLEEP TOKEN e TURNSTILE. Sobre os primeiros, o músico admite ter sido completamente absorvido pelo álbum lançado este ano. “O álbum dos Sleep Token engoliu-me por completo. Sei que muitos metaleiros adoram odiá-los, e nem todas as canções foram para mim, mas há algo naquela mistura de riffs esmagadores em afinação grave, melodias assombradas, tristeza lírica, sexualidade e emoção despida que atinge uma parte do meu cérebro como nada mais”, confessou.

Flynn destacou temas como «Emergence», «Chokehold», «Look To Winword», e «Caramel», sublinhando ainda: “Não quero saber quantos ‘metaleiros reviram os olhos — as canções que me agarraram, agarraram-me e não largaram.” No caso dos TURNSTILE, o tom é diferente, mas igualmente entusiástico. “Lançaram um álbum a que recorri sempre que precisava de algo que simplesmente me fizesse sentir bem, sem perder o impacto hardcore”, explicou. “É luminoso, saltitante, estranhamente positivo, mas com energia suficiente para coçar aquela comichão pesada.”

Naturalmente, a lista também inclui escolhas bem mais extremas. Os SANGUISUGABOGG surgem como um dos destaques mais violentos. “Este álbum é puro barbarismo sónico, e adorei cada segundo imundo”, escreve Flynn. “Senti que estava a fazer algo ilegal por ouvir aquilo (as letras são completamente lixadas!). Os riffs não batem — dilaceram.” O músico elogia ainda os grooves sufocantes, concluindo que, “no meio de todo aquele caos ensopado em gore, toca num nervo primal e lembra-me porque me apaixonei pelos cantos mais feios e pesados do metal.”

Outro nome recorrente na sua escuta de 2025 foram os PALEFACE SWISS. Flynn não lhes poupou elogios: “O álbum é um verdadeiro banho de sangue sónico. Aquela voz… uau. Este jovem tem um futuro brilhante, entregou uma das performances mais catárticas desta década.” Descrevendo cada tema do LP como “um breakdown à espera de colapsar o chão”, sublinha ainda que, apesar da brutalidade, existe um contraste lírico com a masculinidade exagerada que domina parte do metal actual.

Entre as surpresas mais supreendentes da lista está também o regresso dos LINKIN PARK, agora com Emily Armstrong como vocalista. Robb Flynn admite ter sido apanhado desprevenido. “O novo capítulo dos Linkin Park atingiu-me com muito mais força do que esperava. Foi uma jogada arriscada trazer uma vocalista feminina, mas resultou.” Para o músico, “a Emily Armstrong entrou com uma garra e uma força crua que não tenta substituir nada — ela simplesmente finca a bandeira e avança.”

A lista de 2025 fica completa com nomes como os KUBLAI KHAN TX, THE JOMPSON BROTHERS, CLIPSE, BRING ME THE HORIZON, KNOCKED LOOSE e SLAUGHTER TO PREVAIL, reforçando a ideia de que Robb Flynn continua a ouvir música com a mesma curiosidade e abertura que sempre defendeu. Mais do que tendências ou géneros, o que une estas escolhas é uma procura constante por intensidade emocional, honestidade artística e impacto visceral — características que, de diferentes formas, sempre estiveram no ADN dos MACHINE HEAD.