Nunca é demais salientar a importância do trabalho da Metals Alliance — desta vez por ter trazido a Portugal pela primeira vez bandas como os RIOT CITY e os SEVEN SISTERS, e também por dar espaço a bandas nacionais para brilhar ao lado destes nomes internacionais. Também é preciso referir a importância do público apreciador destas sonoridades metálicas mais tradicionais ao comparecer ao chamado, ao invés de ficar simplesmente em casa a queixar-se de como “antigamente é que era bom“. De resto, a expectativa era palpável num RCA Club ávido de heavy metal, com um cartaz que prometia uma grande noite — que foi exactamente aquilo a que assistimos. Logo a começar pelos portugueses DOLMEN GATE, que deram o segundo concerto da sua carreira, mas iniciaram da melhor forma o aquecimento do público para o prato principal. Os fãs compareceram cedo para ver a banda portuguesa e isso é uma boa esperança para que a “tradição” de boicotar as bandas de abertura nacionais tenha finalmente um fim.
A contar com membros e ex-membros de bandas como Midnight Priest, Ravensire e Nagasaki Sunrise, entre outros, o primeiro destaque da actuação dos DOMEN GATE vai para a voz melódica de Ana, que encaixa muito bem no metal de cariz tradicional e épico que praticam. Notou-se alguma falta de experiência (e provavelmente algum nervosismo) em como saber puxar pelo público, mas isso é apenas um pormenor que mais rodagem em cima dos palcos fará com que se corrija naturalmente. Musicalmente sólidos, tocaram os temas do EP «Finis Impirii», lançado em Março, e mais uma mão cheia de outros originais que, provavelmente, vão fazer parte de um segundo EP ou até do álbum de estreia. Depois das reacções positivas à actuação da primeira banda da noite, as atenções voltaram-se então para os SEVEN SISTERS, um dos bons nomes da cena de heavy metal britânica que conseguiu atrair muitos fãs para a frente do palco nesta estreia em Portugal. Melodia e peso, sem esquecer os duelos de solos de guitarra entre Graeme Farmer e Kyle McNeill (que, além de guitarrista, também é vocalista), foram a parte mais importante do menu. «Once And Future King» (um tema que, segundo McNeill, já não era tocado há algum tempo) foi bastante aplaudido, à semelhança da «Commanded By Fear», do primeiro álbum. O entusiasmo do nosso público alimentou ainda mais a banda, que teve uma entrega irrepreensível em cima do palco, e até um épico como «Cauldron And The Cross Pt 1/Pt 2» teve uma boa recepção.
A intro do ‘Exterminador Implacável’ fazia a expectativa crescer enquanto os RIOT CITY entravam em palco e, quando «The Hunter» deu início ao espectáculo, com a exuberância vocal de Jordan Jacobs e o duplo ataque de guitarras a evidenciarem-se, a plateia já estava entregue aos músicos. Registou-se logo a animação em frente ao palco, com os punhos no ar e as vozes a entoarem o refrão em destaque. De resto, só depois de uma frenética «Steel Rider» é que houve uma pausa para respirar, com Jacobs a dizer que era a primeira vez que a banda estava em Portugal e a contar como andaram de scooter pela cidade a passear. Ao longo de todo o concerto, a entrega do vocalista não deixou de ser impressionante, assim como a sua capacidade para interagir com o público, sempre promovendo a boa disposição. As constantes harmonias e duelos de guitarra eram exactamente aquilo que todos queriam ouvir — e «Ghost Of Reality» caiu que nem ginjas junto de gente sedenta por heavy metal do bom. O vocalista canadiano não deixou de agradecer aos SEVEN SISTERS e aos DOLMEN GATE, pedindo aplausos para as duas bandas, agradecendo ainda ao público pela presença numa segunda-feira à noite. Ir a um concerto de heavy metal e depois ter um “shitty working day“, como nos descreveu a situação, não é para todos e, talvez por isso, tenha impressionado tanto a afluência. Antes do fim, «Burn The Night» trouxe um pequeno, mas bom, solo de bateria e «In The Dark» marcou a saída da banda de palco antes de voltar para o encore, durante o qual Jacobs referiu que a banda nunca iria esquecer esta noite em Lisboa. Verdade seja dita, o público não desarmou e fez barulho até que voltassem para o palco. Atacaram então com uma frenética «Lucky Diamond» e uma versão da «See You In Hell», dos Grim Reaper, cantada em uníssino na plateia e, no palco, com uma ajuda extra de Graeme Farmer, o guitarrista dos SEVEN SISTERS, nos coros, num final de concerto apoteótico. E sim, ficou a promessa de voltarem.