Este RETROVISOR não tão é sobre o grupo ou o tema, mas mais sobre o umbigo. Quem estiver atento a recentes textos da LOUD! nas redes sociais, saberá que com o número que este dia 2 de Agosto chega às bancas, inicia-se um processo de celebração de vinte anos de edições. Os mais atentos irão referir a distribuição de um “número zero”, com os AC/DC na capa, no final do concerto de estreia dos KORN no nosso país, a 30 de Maio de 2000. Mas, internamente, tudo se cozinhava já antes, com a mudança de toda uma equipa que integrava a revista RIFF, para aquela que viria a ser a LOUD!. Como referido num texto já público, “na primeira parte desta comemoração e prova de vida, escolhemos falar sobre vinte grandes discos editados no período de existência da LOUD!, 1999-2019, que demonstram bem a riqueza que este ainda “novo” século tem trazido aos vários géneros da música extrema.”
Como que a assinalar esse momento, o RETROVISOR viaja até à Alemanha, num momento em que os DEFTONES promoviam «White Pony», porventura o trabalho mais icónico do grupo de Chino Moreno. 2000 foi um ano interessante para o metal em Portugal; pela primeira vez, um estilo no auge da força, chegava no tempo até nós, o nu-metal. Os KORN, os LIMP BIZKIT e os DEFTONES vieram ao nosso país no mesmo ano. O Pavilhão Atlântico, hoje Altice Arena, consolidava-se como grande sala de espectáculos nacional, e aceitava nomes mais pesados dentro das suas paredes. Um festival surgia, o mítico Ermal, em Vieira do Minho. A LOUD! dava então os primeiros passos e, na Câmara Municipal de Vieira do Minho, os media eram recebidos para se falar do evento — pela primeira vez, uma revista de metal nacional estava presente. Três ou quatro elementos da equipa estavam presentes, alguns exemplares da revista também, já com os DEFTONES na capa, cabeças-de-cartaz dessa edição do evento. Alguma coisa começava a bater certo.
É também por isso que «White Pony» é um disco importante. Porém, ele também tem um significado musical, para lá do umbigo da LOUD!, pisando terrenos já preparados em «Around The Fur», editado três anos antes. Temas como «Feiticeira», que abre o disco, conjugam o groove do nu- metal, com a melodia, vozes mais cruas com outras mais melódicas, antecipando algo muito popular no metalcore, anos mais tarde. Não fosse alguma infelicidade no percurso do grupo, bem como uma excessiva colagem a um movimento com que tinham pouco em comum e talvez os DEFTONES fossem hoje ainda maiores. Quase vinte anos depois, sabe bem mergulhar nos acordes deste trabalho, celebrando, também, a fundação da nossa/vossa revista.