Bruce Dickinson vem a Portugal, para uma sessão misto de spoken word e Q&A, um formato quase inédito para Portugal e que está ligado à sua autobiografia. Há muito para descobrir nela, mas quase no início, Bruce cruza-se em estúdio com IAN GILLAN, vocalista dos DEEP PURPLE, à época do encontro na sua própria banda, denominada GILLAN. Pelo texto, e pelas poucas referências de Bruce a outros músicos, percebe-se a deferência deste face ao vocalista e como este foi uma influência maior na carreira de Bruce Bruce, que à época despontava nos SAMSON. Hoje, os DEEP PURPLE não estarão num momento de grande popularidade, mas os seus discos da primeira metade dos anos 70 poderiam ser referências obrigatórias para o stoner e psych rock.
«Child In Time», que pode ser vista e ouvida em cima numa actuação para a BBC, é extraído de «In Rock», de 1970, e tem uma das mais interessantes vocalizações de Gillan. Um clássico imediato, aparece em diferentes versões em várias gravações ao vivo, sendo mesmo dos temas que mais variavam noite após noite. Já na fase Gillan, o vocalista cantava o tema numa vertente mais jazzística, mas nem por isso menos interessante. Com uma letra anti-guerra, inspirada na turbulência entre Leste e Oeste, vivida à época, bem como pela guerra do Vietnam. O tema singrou como single, curiosamente dividido em duas partes em certos países, face à sua extensão e é o favorito de muitos, entre os vários clássicos dos DEEP PURPLE. LARS ULRICH considera-o mesmo um dos seus temas favoritos de sempre, desconhece-se se terá prestado atenção aos tempos e exigência de bateria, mas isso são outras histórias.
Há ainda aqui espaço para se poder perceber a riqueza instrumental que Jon Lord trazia ao colectivo, articulando teclas com bateria, teclas com guitarra e até mesmo apoiando os vocais. É mesmo difícil dizer se aqui brilha mais a garganta de Gillan ou a destreza de Lord nas teclas. Difícil também será perceber até que ponto as vocais de Ian, terão influenciado Bruce em temas como «Hallowed Be Thy Name» ou «Fear Of The Dark», mas isso será uma questão que os curiosos poderão levantar na Aula Magna, quando Dickinson passar por cá.