“Ainda parece incrível poder estar aqui, ao fim de tanto tempo”, afirmou Paulo Rui, ao terceiro ou quarto tema da noite. Afinal, este não era apenas o regresso a uma sala onde o trio já actuou várias vezes, mas o pôr pé num palco ao fim de muitos meses. O montar a banca de merch. O fumar um cigarro no fim do concerto e dar duas de treta com amigos, fãs. No fundo, fazer das tripas rock. Desta vez, a apresentação de «Blackhearted» não beneficiou da encenação do disco anterior. Os REDEMPTUS apresentaram-se mais directos, mais banda e com mais musicalidade, graças às cordas de Simões. Ainda não é a máquina que já se viu noutras noites na mesma sala. Faltou sentirem o público a respirar em cima deles, a transpirar a sua música. Os novos temas encaixam bem, servem a banda como ela os serve a eles. A uma dada altura, o vocalista contou uma pequena história. “De manhã recebi uma mensagem do Simões, ‘Então princesas, estão muito nervosas?’, e não era nervoso, mas ansioso que estava”. Naquela sala, naquela noite, todos estiveram ansiosos.
Curiosamente, apenas os VERBIAN conseguiram tocar para uma sala cheia. Estranhamente, alguns na audiência não conseguiram ver o primeiro tema, sem baixo. Depois de resolvidos os problemas técnicos, os temas de «Irrupção» foram então desfilando. A música foi fluindo e as notas saíam em cascata dos instrumentos dos três músicos. Virtuosos, mas com medida, sem excessos. A sua música cruza post rock, com prog e jazz. Poucas linhas vocais e quase sempre perto do gutural. O bom jogo de luz ajudou a criar a envolvente e acabaram a casar bem com os REDEMPTUS, o que já era mais que esperado. Havia dois álbuns para apresentar nesta noite. Dois trios subiam ao palco. Antes já tinha havido reencontros. À sua maneira, todos estiveram bem. Mais que um festival, foi o matar saudades, afinal, como disse Paulo Rui, “não é a tristeza que nos esmaga, é a saudade que nos tira o chão”.