RANCID homenageiam MOTÖRHEAD com versão de «Sex & Death» [streaming]

O “barulho” sagrado dos MOTÖRHEAD ecoa agora pela voz rebelde dos RANCID.

A ponte entre o punk e o metal sempre teve um nome incontornável: MOTÖRHEAD. E é justamente essa herança que o novo tributo «Killed By Deaf – A Punk Tribute To Motörhead», com lançamento marcado para o próximo dia 31 de Outubro pela BMG, procura celebrar. Entre os nomes envolvidos, os RANCID destacam-se com uma versão incendiária de «Sex & Death», acompanhada por um lyric vídeo oficial já disponível em baixo.

O guitarrista e vocalista Lars Frederiksen comenta a escolha da canção e o significado pessoal que ela carrega. “É como se fosse a canção perfeita dos MOTÖRHEAD para mim”, afirma o músico. “Sabes tão bem quanto eu o quanto o Lemmy era fã dos RAMONES. E soa-me como a versão dos MOTÖRHEAD a fazer os RAMONES. Mas há ali um pequeno solo de guitarra… e é, para mim, a canção mais ao estilo dos RANCID que os MOTÖRHEAD escreveram. Está suficientemente próxima de algo que nós próprios faríamos.”

No mesmo vídeo de bastidores, o guitarrista e vocalista dos RANCID reflete ainda sobre a influência dos MOTÖRHEAD na música pesada e sobre o seu estatuto singular como banda simultaneamente punk rock e metal. “Eles não pertenciam a um género, pertenciam a todos”, afirma o músico, resumindo uma verdade que atravessa gerações: poucas bandas conseguiram unir comunidades historicamente divididas como os MOTÖRHEAD.

De facto, nos anos 70 e 80, quando punks e metaleiros raramente partilhavam espaço — a não ser talvez um bar sujo ou um olhar de desconfiança —, o Sr. Lemmy Kilmister e companhia tornaram-se a excepção à regra. A banda de clássicos como «Ace Of Spades», «Overkill» ou «(We Are) The Road Crew» foi a cola que manteve unidos dois movimentos que, à superfície, pareciam totalmente incompatíveis. “Os punks adoravam-nos”, disse Lemmy numa entrevista. “A única razão pela qual não fazíamos parte desse grupo era porque tínhamos o cabelo comprido, por isso achavam que devíamos ser heavy metal. A lógica era essa. Mas muitos miúdos ouviram-nos antes de nos verem, e pensavam que éramos uma banda punk.”

Essa herança é agora reafirmada em «Killed By Deaf», colectânea de catorze faixas que reúne alguns dos nomes mais respeitados do punk mundial — dos veteranos RANCID, PENNYWISE (que se atiraram à «Ace Of Spades»), LAGWAGON, GBH, THE BRONX e FEAR a nomes emergentes como SLAUGHTERHOUSE, que dão continuidade à tradição de rebeldia que os MOTÖRHEAD sempre defenderam. O título do álbum, uma piscadela ao clássico humor negro da banda, resume bem o espírito do projecto: barulhento, descomprometido e fiel às origens.

O impacto dos MOTÖRHEAD no punk é, aliás, muitas vezes subestimado. Enquanto o legado do trio no heavy metal está amplamente documentado, a sua influência na segunda vaga punk — pós-SEX PISTOLS — foi igualmente decisiva. O som veloz, as letras sem filtros e a atitude sem concessões inspiraram uma geração inteira de bandas que viram em Lemmy um verdadeiro espírito afim. Com a edição de «Killed By Deaf», essa ligação volta a ser celebrada com o vigor que merece.

Cada faixa é uma prova viva de como a energia anárquica dos MOTÖRHEAD continua a correr nas veias do punk moderno. E a versão de «Sex & Death» pelos RANCID, com o seu equilíbrio entre reverência e irreverência, sintetiza na perfeição essa fusão de mundos. Para Lars Frederiksen, o tributo é mais do que uma homenagem: é um reconhecimento pessoal. “Os MOTÖRHEAD ensinaram-nos que não há fronteiras na música pesada. Podes ser punk, poder ser metal, ou rock’n’roll — o que importa é o coração, o volume e a honestidade”, diz o músico.