RAMMSTEIN

RAMMSTEIN: «Sehnsucht», a banda-sonora de uma experiência estranha e única

Editado a 22 de Agosto de 1997, o «Sehnsucht» mostrou os RAMMSTEIN a apoiarem-se em refrões cativantes e ideias obscuras para criarem um som simultaneamente desconcertante e agradável.

Com o álbum de estreia «Herzeleid» a deixar uma impressão moderada no mundo, muito graças à capa do álbum, que causou enorme controvérsia nos Estados Unidos, e do facto de David Lynch ter escolhido os temas «Heirate Mich» e «Rammstein» para a banda-sonora do filme ‘Lost Highway’, os RAMMSTEIN já tinham estabelecido as bases fundamentais do seu som e estavam mais que prontos para lançarem um disco de grande sucesso.

Em 1997, a banda chamou realmente a atenção quando começou a trabalhar no seu segundo álbum de longa-duração, «Sehnsucht»; e o lançamento dos singles «Engel» e «Du Hast» não só proporcionou um enorme boost de exposição mundial, mas também ajudou o desempenho do álbum anterior. Fazendo as contas, os RAMMSTEIN estavam em “ponto de rebuçado”, preparados para conquistar o mundo.

Conscientemente ou não, os RAMMSTEIN abandonaram o som influenciado pela EDM que dominava o antecessor «Herzeleid» em favor de uma abordagem mais declaradamente industrial, que misturava um leque de influências assente numa dieta de Ministry, Nine Inch Nails e Skinny Puppy. No entanto, o que criaram é algo que não apenas contém todos os factores-chave do som industrial, mas que trouxe a esse universo o uso de ganchos infecciosos.

O disco está repleto de melodias cativantes. Canções como «Du Hast», «Tier» ou «Alter Mann» movem-se ao sabor de melodias que atraíram novos fãs, proporcionaram espectáculos ao vivo incríveis e ainda se mantinham em território capaz de apelar aos fãs do álbum de estreia. Misturando magistralmente refrões pop com a estranheza underground com a qual os RAMMSTEIN ainda andavam a experimentar a altura, este disco marcou uma progressão enorme para os músicos berlinenses.

Logo para começar, é um dos esforços mais experimentais que os RAMMSTEIN alguma vez gravaram, e o objectivo de evocarem várias emoções diferentes ao mesmo tempo é plenamente concretizado. Ouça-se, por exemplo, «Kuss Mich (Fellfrosch)», que apresenta um riff distorcido e potente que impulsiona o coração da faixa, enquanto Flake toca uma seleção excêntrica de samples. Ou então, analise-se a «Spiel Mit Mir»

O tema começa de forma desconcertante, com uns sons electrónicos monótonos e uns risos abafadas ao fundo, antes de entrar numa linha de teclado quase risível que impulsiona o verso — soa muito a Zappa, mas estabelece perfeitamente um tom perturbador — antes de entrar um refrão extremamente acessível que deixa uma impressão duradoura. Basicamente, são estas ideias pouco comuns que tornam este disco tão fascinante e é por isso que permanece com o ouvinte bem após a sua audição.

No entanto, por trás de todas as ideias malucas, há também algumas mais fundamentadas. «Alter Mann» é uma das canções mais acessíveis do álbum e mostra sinais dos RAMMSTEIN que ainda estavam por vir; «Buck Dich» e o tema-título mantêm inalterados os sons agressivos do seu álbum anterior. Portanto, foi com um pé no passado e o outro no futuro que os músicos criaram uma colecção de canções que fazem a adrenalina fluir, enquanto provocam arrepios. Em suma, uma experiência estranha e única, que nem a própria banda conseguiu replicar desde então.