RAMMSTEIN

RAMMSTEIN: 23 anos de «Mutter»

Editado há mais de duas décadas, «Mutter», o terceiro álbum dos RAMMSTEIN, mudaria a banda (e o metal) para sempre.

Originalmente editado a 2 de Abril de 2001 pela Motor/Universal Music, o terceiro álbum do sexteto formado pelo vocalista Till Lindemann, pelos guitarristas Richard Kruspe e Paul Landers, pelo baixista Oliver Riedel, pelo teclista Christian “Flake” Lorenz e pelo baterista Christoph “Doom” Schneider, foi lançado há precisamente 23 anos

O muito aplaudido sucessor do êxito «Sehnsucht», que tinha sido lançado quatro anos antes e dado origem a singles incontornáveis como «Engel» ou «Du Hast», assinalou a consagração da banda alemã a nível internacional, dando origem a seis (!) singles de enorme sucesso — a saber: «Sonne», «Links 234», «Ich Will», «Mutter», «Feuer Frei!», «Mein Herz Brennt») e registando entradas em mais de vinte tabelas de vendas ao redor do mundo.

Ao surgir em 1994, assinando a sua estreia discográfica no ano seguinte e editando o segundo longa-duração logo em 1997, na viragem do milénio os RAMMSTEIN já tinham conseguido estabelecer uma reputação de respeitoos concertos incendiários e as melodias bastaram-lhes para quebrar a barreira linguística, com os seis músicos a fincarem o pé ao uso exclusivo da língua materna, o alemão, nas suas letras.

Na sequência da resposta muito surpreendente a «Sehnsucht», o sexteto tinha marcado passo com um registo ao vivo, «Live Aus Berlin», em 1999, mas era premente lançarem música nova o mais rapidamente possível para aproveitarem o embalo, numa altura em que o turbilhão do nu-metal se espalhava pelo mundo. Surgidos na senda de nomes como WHITE ZOMBIE, NINE INCH NAILS e MARILYN MANSON, Lindemann e companhia conquistaram um público sedento de peso industrial e estética macabra e enigmática.

Pois bem, costuma dizer-se que o terceiro álbum é quase sempre crucial na carreira de uma banda e a máxima também se aplica aos RAMMSTEIN. Por um lado, o «Mutter» não foi propriamente fácil de fazer; por outro, do alto dos seus seis singles de enorme sucesso, um número que a banda nunca mais voltaria a repetir, foi o disco que estabeleceu os industrialistas como um fenómeno de massas um pouco por todo o mundo.

A LOUD!, nos idos de Maio de 2001, teve oportunidade de comprová-lo ao vivo e a cores, no Velodrom, na cidade dos músicos, Berlim, face a milhares de pessoas, a rebentar de fervor e orgulho pela máquina demolidora em que se tinham transformado.

O público nacional, por seu lado, crescia muito para além do Paradise Garage que tinha recebido a sua estreia por cá e testemunhou a força destes temas, pela primeira vez, a 5 de Julho de 2001, num Coliseu dos Recreios que pareceu pequeno para conter todo um espectáculo de luz, som, fogo e pirotecnia capaz de fazer corar os KISS. Com produção expandida, regressariam ainda antes do final desse ano, a 10 e 11 de Dezembro, no Pavilhão D’Os Belenenses, no Restelo.

Prova de que os músicos nunca se vergaram ao status quo para chegarem onde chegaram, o terceiro álbum dos RAMMSTEIN chegou aos escaparates com a acidez negra do imaginário da banda bem estampada na capa, uma fotografia de um feto morto da autoria de Daniel Fuchs.

Nada podia, portanto, aliviar as expectativas — a capa já garantia controvérsia e um complexo processo de gravação e produção trazia consigo a obrigação de superarem com êxito tudo o que tinham feito no passado. O período de concepção do «Mutter» durou mais de ano e meio, com a banda a começar por alugar uma casa com vista para o Mar Báltico para fazer pré-produção de Setembro a Dezembro de 1999.

As gravações a sério só aconteceram, no entanto, em Maio e Junho do ano seguinte, no Studio Miraval, no sul de França, com o produtor Jacob Hellner, com quem já tinham gravado os dois álbuns anteriores.

As expectativas? Foram claramente superadas. Apesar de terem feito uma aposta segura com Hellner — o sueco já tinha no currículo alguns sucessos dos CLAWFINGER antes de começar a trabalhar com a banda alemã –, os RAMMSTEIN cresceram ainda um pouco mais em termos sonoros e, melhor ainda, escreveram alguns dos seus ganchos mais geniais de sempre, dando origem a muitos temas que, mesmo vinte anos depois, continuam a marcar presença assídua nos alinhamentos dos espectáculos do colectivo.

Além das óptimas composições (mais uma vez, atentem na lista de singles: «Sonne», «Links 234», «Ich Will», «Mutter», «Feuer Frei!», «Mein Herz Brennt»), os certificados de Platina, Platina Dupla e Tripla que lhes foram atribuídos por cópias vendidas na Alemanha, Suíça e Espanha — a que se juntam ainda os de Ouro na Austrália, Bélgica, México, Finlândia, Reino Unido e Suécia — não nos deixam mentir.