Vamos presumir que, por esta altura, já toda a gente viu o controverso vídeo-clip dos RAMMSTEIN para o single de 2011 «Pussy», em que a banda recria cenas que podiam bem estar um filme pornográfico. Pois bem, chega-nos agora a bizarra notícia de que um homem russo partilhou o vídeo numa rede social local em 2014 e está a ser acusado de “distribuição de pornografia”. Andrei Borovikov arrisca três anos de prisão e, como nos parece óbvio, afirma que as acusações são “totalmente absurdas“, explicando que a única razão pela qual está a ser acusado é o facto de ser um ex-colaborador de Aleksei Navalny, o líder da oposição na Rússia. Navalny, que actualmente está preso, tornou-se proeminente ao organizar protestos anti-governo e concorrer a cargos públicos com a promessa de promover reformas anti-corrupção, em oposição ao presidente Vladimir Putin. Em 2014, Borovikov partilhou o vídeo da banda alemã na rede social VKontakte, que é o equivalente russo ao Facebook e, mais de seis anos depois, em Setembro de 2020, foi acusado pelo governo de “produção e distribuição de pornografia”.
A directora do escritório da Amnistia Internacional em Moscovo, Natalia Zviagina, disse à Rádio Europa Livre que as acusações são uma “vergonha para a justiça” e deviam ser imediatamente retiradas. “É flagrantemente óbvio que ele está a ser punido apenas pelo seu activismo, não pelo seu gosto musical. As autoridades russas deviam concentrar-se em tentar parar a crescente crise de direitos humanos que criaram, não em conceber novas formas ridículas de processarem e silenciarem os seus críticos”, disse Zviagina à Radio Free Europe. Aparentemente, as autoridades tomaram conhecimento da partilha do clip depois de um ex-voluntário no escritório de Borovikov, que se acredita ser um infiltrado do governo, o ter denunciado às autoridades. Os promotores ordenaram então “um exame sexológico e cultural” antes de determinarem a natureza pornográfica das imagens. Na verdade, esta é já a segunda vez que alguém é acusado por partilhar o vídeo de «Pussy» — um homem da Bielo-Rússia foi acusado em 2019 por motivos semelhantes.