RAGE AGAINST THE MACHINE

8 coisas que provavelmente não sabes acerca dos RAGE AGAINST THE MACHINE

Ao longo dos anos, os RAGE AGAINST THE MACHINE foram reunindo uma série de histórias e curiosidades que vale sempre a pena recordar.

No final da Guerra Fria, as variações da música explicitamente política desenvolvidas durante os anos 60 e 70 (a soul, o funk e o rap na música negra, o punk e o metal no rock caucasiano) chegaram a um ponto em que parecia muito muito difícil, senão impossível, reunir todas as suas qualidades num só artista. No entanto, eventualmente o improvável acabou mesmo que acontecer — e mais que uma vez.

Primeiro, apareceram os PUBLIC ENEMY, uma unidade de rap cujo som explosivo se alimentava de uma dieta não apenas de soul e funk, mas também de metal; e, depois, surgiram em cena os RAGE AGAINST THE MACHINE, uma banda de rap-rock de Los Angeles cujo álbum de estreia, lançado em 1992, introduziu um muito necessário elemento de ideologia política à música feita com guitarras.

Apesar dos longos hiatos desde a separação em 2000, ao longo das décadas, Zack de La Rocha, Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk mantiveram-se explicitamente dedicados à causa revolucionária e, pelo caminho, foram coleccionando pequenas histórias que vale a pena recordar.

O Maynard James Keenan, dos TOOL, podia bem ter sido o vocalista dos RAGE AGAINST THE MACHINE.

É sobejamente conhecido que o enigmático MJK faz uma aparição no tema «Know Your Enemy» (a frase “I’ve got no patience now…” é dele), mas numa entrevista de 2016 à Rolling Stone, o frontman dos TOOL revelou que, a dado momento, o seu envolvimento com a banda podia ter resultado em algo mais… permanente, digamos.

Na verdade, estávamos numa sala de ensaios“, revelou Keenan, recordando que tocou com Morello e o baixista Tim Commerford, e que o baterista Brad Wilk também pode ter estado presente nessa ocasião. “Acho que a vibração que eles queriam explorar… Eu ainda tinha um pouco daquela coisa dos Green Jellö em mim e eles já tinham uma abordagem mais séria. Portanto, se alguém considerou realmente essa hipótese, foi por muito pouco tempo.

Ainda antes da formação da banda, Zack de la Rocha já tinha escrito uma canção intitulada «Rage Against the Machine».

O nome RAGE AGAINST THE MACHINE teve a sua origem no título de uma canção inédita que De La Rocha escreveu para sua banda pré-RATM, os INSIDE OUT. Quanto ao motivo pelo qual acreditou que seria uma designação válida e adequada para sua nova banda, o vocalista disse ao LA Times em 1992:

Apenas senti que se aplicava ao tipo de mensagem que estávamos a tentar colocar na nossa música“, disse ele. “Queria pensar em algo que descrevesse metaforicamente as minhas frustrações com os Estados Unidos, com o sistema capitalista e como ele escravizou e explorou e criou uma situação muito injusta para inúmeras pessoas.

Ao dar os primeiros passos, os quatro músicos tinham “zero ambições comerciais”.

Numa entrevista recente, Tom Morello recordou os primeiros passos dos RAGE AGAINST THE MACHINE e a falta de ambição comercial dos seus elementos.Fiquei surpreso com o simples facto de termos conseguido marcar um espectáculo num clube“, disse o músico.Na verdade é difícil pintar um quadro do que se passava na altura — em 1991, não havia bandas neomarxistas e multiétnicas de rap-punk-metal.

Portanto, tínhamos zero ambições comerciais – zero. Escrevemos aquelas canções e o nosso único objetivo era fazer uma maqueta em cassete. […] Estávamos a fazer música como um meio de auto-expressão, estávamos a explorar as letras incríveis do Zack [De La Rocha] e a química musical da banda, era só isso.”

Antes de se dedicar a 100% à música, o guitarrista Tom Morello trabalhou como “dançarino exótico”.

Parece incrível, mas é verdade — na altura em que estava a estudar, o famoso guitarrista dos RAGE AGAINST THE MACHINE chegou a trabalhar como stripper para pagar as contas. “Após ter tirado o meu curso em Harvard e me mudei para Hollywood, estava basicamente desempregado e precisava de pagar as contas… A dado momento, cheguei mesmo a trabalhar como dançarino exótico.

A «Brick House», dos Commodores, era a minha canção! Fiz algumas despedidas de solteira e ficava só em tanga. Se iria mais longe? Tudo o que posso dizer é, que graças a Deus, isso aconteceu tudo antes do YouTube! A verdade é que se podia ganhar um dinheiro decente a fazer esse tipo de trabalho — as pessoas fazem o que têm de fazer para sobreviver.

Durante as gravações de «Rage Against The Machine», os músicos lutaram para captar a energia dos concertos — e decidiram transformar o estúdio num palco

Para o seu primeiro álbum, os RAGE AGAINST THE MACHINE pretendiam imbuir as gravações com a mesma energia dos concertos, mas os músicos descobriram rapidamente que era mais fácil falar sobre isso que fazê-lo. “Desde as primeiras actuações, a nossa música sempre pareceu viva e poderosa“, explicou Morello à Spin. “Depois, quando entrámos em estúdio para gravar, começamos a perceber que estávamos com muita dificuldade para capturar essa vertente da nossa música.

A solução? Os RAGE AGAINST THE MACHINE transformou o estúdio numa sala de concertos. “Certa noite convidámos um grupo de amigos para o estúdio e, basicamente, tocámos o set”, explicou ele. “Foi com um concerto, ao invés de estarmos com aquela pressão da gravação. Nessa noite, conseguimos captar mais ou menos metade das faixas básicas do disco. E já soava a Rage Against the Machine.

A fotografia usada na capa do disco de estreia ganhou um prémio Pulitzer e é considerada uma das imagens mais icónicas de todos os tempos.

Em Junho de 1963, a maioria dos norte-americanos não conseguia encontrar o Vietnam num mapa, mas não havia como esquecer aquele país do sudeste asiático devastado pela guerra depois do fotógrafo Malcom Browne, da Associated Press, ter imortalizado o monge budista Thich Quang Duc a imolar-se numa rua de Saigão.

A imagem capta na perfeição a atitude e protesto que caracterizou os RAGE AGAINST THE MACHINE desde o início, com Tom a explicar a escolha da seguinte forma: “queríamos transmitir uma expressão intransigente das nossas visões do mundo como músicos e activistas. A foto na capa capta a integridade e o poder que queríamos ter nas nossas canções!

O tio-avô de Morello, Jomo Kenyatta, foi o primeiro presidente eleito do Quénia.

Pode dizer-se que o activismo político corre nas veias do guitarrista — ou, pelo menos, que faz parte do seu ADN. O seu pai, Ngethe Njoroge, participou da Revolta Mau Mau, que decorreu entre 1952 e 1960, e foi o primeiro embaixador do Quénia nas Nações Unidas.

Por seu lado, o tio-avô paterno de Morello, de seu nome Jomo Kenyatta, foi o primeiro presidente eleito do Quénia e a sua tia, Jemimah Gecaga, foi a primeira mulher a exercer uma legislatura no seu país. Além disso, o seu tio, Njoroge Mungai, foi ministro, membro do Parlamento e considerado um dos fundadores do Quénia moderno.

Em 1996, os quatro músicos foram banidos do Saturday Night Live por “desrespeitarem” a bandeira dos Estados Unidos.

Nascidos para desafiar as autoridades, os RAGE AGAINST THE MACHINE foram convidados para actuar no SNL a 13 de Abril de 1996, com a sua presença a coincidir com a do bilionário e, na altura, candidato à presidência, Steve Forbes. Segundo Morello, a participação dos músicos tinha um único objetivo: “contrariar veementemente um bilionário que passava o tempo a contar piadas e a promover a subida dos impostos“.

Pois bem, a declaração dos músicos ficou evidente quando subiram ao palco e penduraram bandeiras dos Estados Unidos de cabeça para baixo nos amplificadores, atacando sem remorsos a «Bulls On Parade». No fim da actuação, os músicos foram obrigados a abandonar o estúdio imediatamente e, não satisfeito, o baixista Tim Commerford ainda invadiu o camarim de Forbes atirando para o ar pedaços de uma bandeira recém-rasgada.