Existem músicos que aparecem na fotografia e, depois, há as formigas na labuta a manterem os ídolos de pé. STEVE RILEY era uma dessas formigas; tinha 67 anos.
Estava-se em 1986 e os IRON MAIDEN regressavam finalmente a Portugal com a lendária Somewhere On Tour, que, curiosamente, continuam a revisitar por estes dias. Aglutinadaa ela, estava a Inside The Electric Circus tour que trazia os diabólicos W.A.S.P. pela primeira vez ao nosso país, já a iniciarem o declínio de carreira num álbum menos bom que os anteriores. Na bateria, subiu ao palco um Steve Riley de batida firme e que dava consistência à pantomina de Blackie Lawless em palco.
Apesar da boa imagem criada por «The Right To Rock», com os KEEL, em 1985, a banda de Lawless e de Chris Holmes proporcionava outra exposição ao baterista nascido em Revere, Massachusetts, no ano de 1956; mais propriamente, a 22 de Janeiro. Substituindo Tony Richards, Steve Riley chegaria a tempo de gravar o excelente «The Last Command», assistir à saída do guitarrista Randy Piper, embarcar a mítica tour de promoção ao álbum «Inside The Electric Circus» e constar de «Live… In The Raw», o álbum onde a digressão foi imortalizada.
Corria o ano de 1987 quando Steve Riley decidiu partir para novos voos e os W.A.S.P. continuariam numa carreira errante, por vezes com pontos altos, outras com muitos pontos baixos, em direcção ao estatuto de mito apenas para os indefectíveis. Steve Riley saía de um comboio desgovernado, para embarcar num não muito melhor, onde os egos eram vários, ao juntar-se aos L.A. GUNS, banda de Tracii Guns e de Phil Lewis.
É verdade que o LP homónimo, de 1987, os anunciava como a the next big thing, mas a banda entrou de seguida em colapso, à imagem de muitas outras propostas saídas da cena glam e sleaze de Los Angeles. Numa primeira fase, Steve Riley permaneceria no grupo até 1992, ano em que foi despedido; depois, em 1995, foi readmitido. Dentro e fora do grupo, com ou sem conflitos, o músico esteve presente em quinze títulos do colectivo, sendo o último de 2020, intitulado «Renegades».
Para os menos atentos, aquele “guns” em L.A. GUNS é o exactamente mesmo da origem daquele “guns” dos GUNS N’ ROSES. Porém, não seria isso que impediria que, por volta de 2006, coexistissem no mesmo universo, duas versões do grupo, uma liderada por Phil Lewis, outra por Tracii Guns, que chegaram até ao caricato de partilharem os mesmos cartazes. Riley alinharia na team Lewis, diga-se. Curiosamente, uns anos mais tarde, naquelas clássicas entrevistas de revivalismo, seria Phil Lewis a associar o princípio da desagregação da banda à entrada de Steven Riley.
Músico de batida sólida, nunca entrou em listas de best drummers, mas esteve sempre omnipresente aos trabalhos em que participou. Antes dos KEEL, o músico ainda faria álbuns com os ROADMASTER, logo em 1976, THE LAWYERS, em 1981, e THE B’ZZ, em 1982. Curiosamente, após quatro discos entre 1984 e 1987, nunca se aventurou muito para além do terreno dos L.A. GUNS, na realidade a única banda em que assinou discos após 1987. Diversos momentos problemáticos na sua saúde culminaram com o seu óbito a 26 deste mês, aos 67 anos de idade.