Phil Spector morreu aos 81 anos. Segundo uma notícia avançada pelo TMZ, o produtor musical, pioneiro e criador da “parede do som” famosa na música pop, mas adaptada a muita da música mais pesada que ouvimos hoje, e cuja carreira foi mais tarde manchada quando foi condenado pelo assassinato da actriz Lana Clarkson, morreu num hospital de prisão ontem, Sábado, 16 de Janeiro, vítima de complicações relacionadas com a COVID-19.
Spector é amplamente considerado um dos produtores mais influentes da história da música, tornando-se sinónimo da densa estética orquestral conhecida como a “parede do som”. A técnica de gravação viu Spector reunir grandes grupos de músicos, muitas vezes dobrando e triplicando os mesmos instrumentos, e fazendo-os tocar em uníssono. Os conjuntos orquestrais de Spector misturavam guitarras eléctricas e acústicas ao lado de cordas, metais e percussão não tradicionalmente usados para criar música pop. O resultado foi um som mais completo e rico que ressoou em aparelhos de som de rádio e jukeboxes, ao contrário de outras músicas lançadas naquela época.
Em 1961, aos 22 anos, Spector co-fundou a Phillies Records. Nos anos seguintes, a editora lançaria uma série de singles que entraram para o Top 10, todos dirigidos por Spector — incluindo «He’s A Rebel», de Darlene Love And the Blossoms, «Be My Baby» dos The Ronettes e «You’ve Lost That Lovin’ Feelin» e «Unchained Melody» dos The Righteous Brothers. Em 1966, contratou Ike e Ina Turner para o catálogo da Phillies, mas quando o material inicial da dupla não obteve grande sucesso comercial, ficou desiludido com a indústria e encerrou o selo. Em 1969, surgia um convite, por parte do manager dos Beatles, Allen Klein, para produzir o single de John Lennon, «Instant Karma».
A canção teve tanto sucesso que Spector foi convidado a salvar o álbum então abandonado dos Beatles, «Let It Be», que seria lançado em 1970 e aclamado de forma universal. Também nesse ano, produziu o álbum a solo de George Harrison, «All Things Must Pass», e a Plastic Ono Band de Lennon. No ano seguinte, produziu a icónica «Imagine», continuando consistentemente a trabalhar com os músicos britânicos nos anos seguintes. Em 1974, quase morreu num acidente de carro e a gravidade de seus ferimentos deixaram-no fora de cena durante três anos. Só o voltamos a ouvir falar dele em 1977, com o «Death of a Ladies’ Man», de Leonard Cohen. De seguida, juntou-se aos Ramones para «End of the Century», que resultou em canções inesquecíveis como «Rock‘ n ’Roll High School» e «Do You Remember Rock‘ n ’Roll Radio?».
Nessa altura, tornaram-se públicas histórias preocupantes das sessões com os punk rockers nova-iorquinos, incluindo a de que o produtor teria ameaçado a banda com uma arma quando tentaram deixar o estúdio. A partir de então, as atividades de Spector diminuíram drasticamente nas duas décadas seguintes e, em 2003, o produtor foi preso e acusado pelo assassinato da actriz Lana Clarkson, que foi encontrada morta por um único tiro dentro da mansão de Spector na Califórnia. Após um julgamento inicial, o reputado arquiteto do som foi julgado novamente e condenado por assassinato de segundo grau em 2018. Foi condenado de 19 anos a prisão perpétua.