Segundo a imprensa holandesa, LOU OTTENS, o inventor da cassete e pioneiro do CD, morreu no Sábado, dia 6 de Fevereiro, na sua casa em Duizel, Brabant. Tinha 94 anos. Ottens, que estudou para ser engenheiro, começou a trabalhar para a Philips em 1952. Oito anos depois, tornou-se chefe do departamento de desenvolvimento de produtos recentemente lançado pela empresa. Num ano, ele e a sua equipe desenvolveram o primeiro gravador portátil, do qual foram vendidos mais de um milhão de unidades. Dois anos depois, revolucionou o antigo sistema das bobinas, inventando a cassete de fita.
“Fiquei irritado com o sistema desajeitado da bobina, que era hostil para o utilizador, foi tão simples quanto isso“, Ottens disse uns anos mais tarde. O engenheiro decidiu desde cedo que o novo invólucro tinha de ser pequeno o suficiente para caber no bolso de um casaco, e mandou fazer um modelo de madeira para determinar o tamanho ideal. Em 1963, a primeira fita envolta em plástico foi apresentada numa feira de equipamento electrónico com o slogan “mais pequeno que um maço de cigarros!”. O conceito foi rapidamente copiado pelos japoneses, mas em formatos diferentes. Ottens conseguiu então fazer um acordo com a Sony para usar o mecanismo patenteado pela Philips e a cassete padrão foi lançada globalmente. Foram vendidos mais de 100 bilhões em todo o mundo.
Mais tarde, Ottens desenvolveu também o CD, que se tornou novamente num padrão da Sony-Philips e vendeu mais de 200 bilhões. Em 1986, reformou-se, mas várias foram as vezes em que lhe perguntaram se tinha orgulho nas suas invenções, que permitiram que milhões de pessoas tivessem acesso à música. “Não tenho ‘orgulho’,” disse Ottens numa ocasião, enfatizando que ambas as invenções foram esforços de equipa. Quanto ao maior arrependimento de uma carreira brilhante, apontava o facto de ter sido a Sony, e não a Philips, a ter inventado o que ele considerava o aplicativo ideal para a cassete, o Walkman. “Isso ainda me provoca alguma dor”, disse ele. Reticente sobre o recente ressurgimento daws cassetes, Ottens continuava a acreditar que “nada supera o som de um CD“.