O músico Fernando Gama faleceu hoje aos 67 anos de idade. Nascido em Luanda a 1 de Abril de 1954, ficou conhecido pelo grande público como cançonetista, tendo mesmo vencido um Festival da Canção. No entanto, e previamente a este percurso, foi teclista dos TANTRA, uma das referências nacionais no rock progressivo dos anos 70. Em 1974, um jovem Armando Gama muda-se para Lisboa para ingressar na Faculdade de Arquitectura. Porém, com todas as confusões pós-25 de Abril, o curso não começa e vai tocando aqui e ali. Como teclista e vocalista, acaba por formar os TANTRA em 1976, tendo como companheiro o guitarrista e vocalista Manuel Cardoso, também conhecido como Frodo, o baterista Tozé Almeida, e o baixista Américo Luís. o viola baixo e Armando Gama no piano e voz. A banda estreia-se com os singles «Novos Tempos» e «Alquimia da Luz», ambos da sua autoria, com os arranjos e orquestrações a serem partilhados com Cardoso. Curiosamente, a banda juntou-se no ano seguinte à primeira apresentação dos GENESIS em Portugal, no Pavilhão do Dramático de Cascais, num espectáculo incorporado na digressão de lançamento do LP «The Lamb Lies Down On Broadway». A forte influência da banda, na fase de Peter Gabriel, foi sempre patente no som do grupo.
Já com um contracto de edição assinado com a Valentim de Carvalho, os músicos gravaram então o icónico «Mistérios e Maravilhas». A banda surge numa vaga do rock progressivo, pós-25 de Abril, que incluiu também nomes como os ARTE E OFÍCIO, BANDA DO CASACO, PERSPECTIVA e SAGA, sendo que pretendiam construir um conjunto de temas dentro do rock progressivo com estruturas alusivas às utilizadas nas peças de música erudita, cantados em português e recuperando influências hindu. A escolha do nome do grupo provém de um tipo de meditação oriental praticado por Manuel Cardoso. «Holocausto», o disco que lançaram em 1978, foi o último em que Armando Gama participou, mas a banda gravaria ainda «Humanoid Flesh» em 1981, entrando de seguida num longo hiato e voltando à actividade apenas em 2002. Para o registo da passagem de Armando Gama pelo prog rock e pelos TANTRA, figura ainda o álbum «Live Ritual», editado em 2003, mas gravado ao vivo em 1977.