O lançamento de novo álbum dos R.A.M.P. é sem dúvida um momento bastante aguardado. Afinal, já passou mais de uma década desde o lançamento do último «Visions», mas o sucessor estava finalmente aí e o RCA Club preparou-se para fazer a festa de recepção a «Insidiously». Para isso também contou com a presença dos REVOLUTION WITHIN, eles que também têm álbum “novo” às costas – entre aspas, na medida em que foi lançado no meio da pandemia e não rodado como merecia em cima dos palcos nacionais. Para colmatar falhas anteriores, as portas abriram às 21h e os concertos começaram apenas depois das 22:30, uma táctica que resultou em pleno.
Se o cinismo lusitano habitual para com as bandas de abertura pudesse ditar que aparecessem bem mais tarde, o que é certo é que a banda de Raça contou com uma casa já muito bem composta. Como prémio, a banda de Santa Maria da Feira despejou o seu thrash metal moderno sem dó nem piedade. A reacção do público foi calorosa e recebida com humildade por parte da banda que, na figura do seu frontman, não deixou de referir por mais de uma vez o quão era especial para eles estarem em cima do palco, a tocar com os R.A.M.P. e a serem tão bem recebidos pelo público. A festa foi feita com um especial carinho para «Chaos», do qual se destaca o tema-título e «You Will Burn». Também destacamos a participação improvisada por parte de Lucas Bishop (dos Downfall Of Mankind) e aquela recta final demolidora com «Pure Hate» (com direito a mini-wall of death) e «Silence», que foi imprópria para cardíacos. Uma abertura de luxo por parte dos REVOLUTION WITHIN.
Luxo também seria o que se seguiria. Os R.A.M.P. a apresentar o seu novo trabalho perante um RCA Club à pinha (se não esgotou, deveria estar certamente muito perto disso) a lembrar tempos que já nos parecem (demasiado) longínquos. Ficou provado que, apesar do início tardio (poucos minutos para a meia-noite), todos puderam estar presentes e com o novo CD no bolso. A festa começou logo com dois temas de «Insidiously» – «Catatonic» e «Million Faces Places» – que foram entusiasticamente recebidos por um público logo rendido ainda antes da primeira nota ter sido tocada sequer. Rui Duarte esteve ao seu melhor nível, comunicativo e sempre a puxar por uma plateia que mostrou estar à altura da performance energética da banda.
Apesar de ter uma formação quase totalmente nova (com excepção de Rui Duarte e Ricardo Mendonça), o grupo está bem coeso, sem se notar qualquer perda da sua identidade, algo realçado principalmente pela forma como atacam os temas mais antigos – que, infelizmente, apenas no encore foram para além de «Evolution, Devolution, Revolution». Infelizmente, porque há sempre a vontade de ouvir os clássicos, mas nesse aspecto tivemos que nos conformar com «All Men Taste Hell», a inevitável «Black Tie» e «Try Again», o original dos Spermbirds adoptado pelos R.A.M.P. em 1992 por alturas do seu primeiro MLP/CD.
Som poderoso (que teve apenas algumas cacofonias momentâneas provocadas pelo efeito de eco na voz nalgumas músicas), os novos temas a encaixarem bem naquilo que a banda tem feito nas duas últimas décadas e uma casa cheia em êxtase, algo que os R.A.M.P. agradeceram através de Duarte. Agradecimentos foram também endereçados ao próprio RCA Club e a todos os que fazem e fizeram parte desta verdadeira instituição da música pesada nacional. Com o fim veio o silêncio, mas fica definitivamente a memória de que os R.A.M.P. estão de volta, e mais fortes que nunca.
FOTOS: Sónia Ferreira